Morfodinâmica de praias arenosas sob influência de estruturas rígidas de proteção costeira: estudo de caso na Praia do Icaraí (Caucaia/CE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Vasconcelos, Yan Gurgel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=115147
Resumo: O desenvolvimento de atividades humanas na zona costeira e nas bacias hidrográficas adjacentes tem sido identificado como um dos fatores responsáveis pelo desequilíbrio sedimentar na costa. Estas atividades, aliadas à subida do nível do mar decorrente das mudanças climáticas, podem impactar significativamente as comunidades costeiras, agravando problemas de erosão costeira e inundação marinha. Diante desse cenário, surge a necessidade de ações de gerenciamento costeiro contínuas para atenuar impactos adversos. Globalmente, os efeitos da erosão costeira, na maioria dos casos, são mitigados com a adoção de algum tipo de estrutura rígida de contenção do avanço do mar. Entretanto, muito se debate sobre a real eficiência desse tipo de intervenção, pois, na literatura especializada, existem diversos casos que indicam que há uma transferência dos problemas para áreas a sotamar das estruturas. Nesse contexto, o Município de Caucaia constitui um dos principais núcleos de erosão costeira do Estado do Ceará, tendo o seu processo associado com a erosão costeira desencadeada no município vizinho, Fortaleza, após a construção do Porto do Mucuripe (1930–1940). A partir de 2010, a Prefeitura Municipal de Caucaia (PMC) deu início a diversos projetos de estabilização da linha de costa na praia do Icaraí - Bagwall (2010), enrocamentos (2016) e esporões (2021). Essas iniciativas, contudo, não foram eficazes no seu objetivo principal: proteger o patrimônio edificado e conter o avanço do mar. Desse modo, em 2022, a PMC deu início a um novo projeto de requalificação do litoral, prevendo a construção de onze espigões senoidais, projetados para criar células de circulação que facilitem a deposição de sedimentos nas praias do Pacheco, Icaraí e Tabuba. Nesse novo cenário, este estudo tem como objetivo avaliar as repercussões morfológicas de curto prazo da instalação dos primeiros três espigões na praia do Icaraí em 2022, bem como seus impactos nas taxas de evolução da linha de costa. A metodologia utilizada envolveu a coleta de sedimentos, levantamentos topográficos e o uso de Aeronaves Remotamente Pilotadas antes, durante e depois das obras. Os resultados indicaram a eficácia dos espigões em reverter a erosão na zona de sombra da estrutura com a formação de praias internas. No entanto, observou-se um agravamento da erosão nas áreas desabrigadas, com recuos de até 15 m entre os meses de ago/22 e out/22. Nas seções fixas de monitoramento, praticamente todo o estoque de areia foi removido durante a construção das estruturas, chegando a um ponto de não-retorno. Os achados desta pesquisa sublimam a importância de uma abordagem integrada e sustentável na gestão da zona costeira, considerando tanto os benefícios imediatos quanto os impactos a longo prazo. As conclusões ressaltam a urgência de políticas públicas e decisões de ordenamento territorial que busquem um equilíbrio entre a proteção do patrimônio edificado e a adoção da prática de construir com a natureza diante dos desafios das mudanças climáticas.