Quem pode andar nas margens da cidade? Cartografia dos regimes de mobilidades em um bairro da periferia de Fortaleza

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Wanderson Lucas Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113401
Resumo: A cidade de Fortaleza, em particular suas periferias, apresenta-se como palco privilegiado do funcionamento de dinâmicas em torno da regulação dos deslocamentos, no qual mobilizei a noção de regimes de mobilidades para analisá-las (FREIRE-MEDEIROS e LAGES, 2020; MANO, 2021). A cidade foi compreendida como palco onde são produzidos e dinamizados os regimes de mobilidades, mas, da mesma maneira, como objeto da investigação, situando suas transformações que estão em estreito condicionamento desses regimes. Sendo assim, o problema de pesquisa assentou-se na relação entre o funcionamento e formação de regimes de mobilidades nas margens urbanas de Fortaleza e a produção da cidade. Para análise desses processos, evidencia-se a centralidade da categoria “margens” e sua relação com a noção foucaultiana de governo (DAS e POOLE, 2008). O bairro Planalto Pici, que compõe a regional 11, estando situado no território 36 na divisão geográfica institucional de Fortaleza, caracterizou-se como campo da presente pesquisa. O bairro, conquista coletiva de ocupações urbanas no início da década de 1990, apresentou-se como palco de dinâmicas de transformações nos modos de produção e gestão da cidade que afetam, sobretudo, os modos de circulação. Para compreensão desses processos, acionei a cartografia como perspectiva metodológica (BARROS e KASTRUP, 2020), de modo que a cartografia dos regimes de mobilidades foi tecida não como um mapeamento geográfico do bairro, mas sim como a análise de um campo de forças constituído por um conjunto de elementos heterogêneos (FOUCAULT, 1998). Sendo assim, conclui-se que as práticas de gestão dos movimentos assentam-se, em última instância, nos interesses de dispor dos espaços e população que residem na cidade. Ao produzir as condições e a diferenciação de quais indivíduos podem circular em determinado espaço, constitui-se aí um dispositivo de governo.