Do orgânico ao subjetivo: discursos de enfermeiros sobre o cuidado ao corpo de idosos que vivem com HIV/Aids

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barros, Ticyanne Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=115072
Resumo: Os dados epidemiológicos demonstram o crescimento dos casos de HIV/Aids em idosos. Esses sujeitos precisam lidar tanto com os estigmas e preconceitos advindos com o diagnóstico como com o envelhecimento e seus significados sociais. A enfermagem é a profissão da saúde que mais tem contato com o corpo do paciente, considerando então o corpo do idoso, este carrega diversos significados subjetivos frente ao contexto histórico e social que o atravessam, permeando o cuidado. A objetificação do paciente pelo modelo de cuidado vigente despotencializa sua singularidade, seu corpo e sua inserção como sujeito ativo no processo de cuidar. A psicanálise vai de encontro à perspectiva objetificadora, uma vez que se propõe a tomar o corpo por uma lógica diferente, considerando o sujeito do inconsciente, desejante e singular. Dessa forma, buscou-se pensar o cuidado ao corpo do idoso que vive com HIV/Aids a partir da subjetividade presente nessa relação, onde a psicanálise pode proporcionar o comparecimento do sujeito excluído pela ciência. Os objetivos do presente estudo foram compreender os discursos produzidos por enfermeiros sobre o cuidado ao corpo de idosos que vivem com HIV/Aids e apontar como os discursos sobre o corpo reverberam no cuidado clínico de enfermagem ao idoso que vive com HIV/Aids. Trata-se de uma pesquisa em psicanálise, realizada com 23 enfermeiros que atuam na emergência e nas unidades de internação de um hospital referência em doenças infectocontagiosas, por meio de uma entrevista semiestruturada, nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os dados foram analisados por meio da análise do discurso. A pesquisa teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São José de doenças infecciosas, sob parecer nº 5.498.454. A partir da análise do discurso sobre o cuidado ao corpo dos idosos que vivem com HIV/Aids foram evidenciadas duas formações discursivas: a primeira intitulada “corpo-órgão: pele e lesões” e a segunda intitulada “poder sobre os corpos: o cuidado ao meu paciente”. A primeira formação discursiva abordou discursos que possuem como foco o corpo orgânico, apontando a pele e a preocupação excessiva em prevenir e tratar lesões. A segunda formação discursiva mostrou como o poder sobre os corpos ainda se evidencia nas relações de cuidado. Ambas as formações discursivas convergem para uma ideologia do saber científico, priorizando o biológico e estabelecendo relações de poder. Propomos um diálogo com a psicanálise como possibilidade no cuidado de enfermagem, considerando a escuta e o comparecimento do sujeito como ser desejante, de forma a modular as relações de poder, buscando por práticas que ultrapassem a percepção construída historicamente e socialmente, que tem como principal foco a anatomopatologia e percepção do corpo de forma reduzida.