A CONSTATAÇÃO DA CORRUPÇÃO ENQUANTO PERFORMATIZAÇÃO DE UM DISCURSO: UMA ANÁLISE DE REPORTAGENS DE VEJA EM CASOS DE CORRUPÇÃO POLÍTICA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: GOMES, EMANOEL PEDRO MARTINS
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=84131
Resumo: <div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">RESUMO</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Este trabalho traz uma compreensão da corrupção não como manifestação de uma crise de legitimidade, mas como elemento constituinte de uma atmosfera de crise, que leva à constante deslegitimação de quem nela está envolvida, por meio de uma análise de textos de uma representante da grande mídia impressa brasileira, a revista VEJA, referentes a casos de corrupção política no Brasil. Ao buscar compreender o uso da linguagem da mídia em referência à política, vimos que o caráter informativo de VEJA só se realiza na medida em que seus jornalistas se posicionam e a constroem enquanto tal, através dos recursos linguístico-discursivos mobilizados na produção de seus textos e discurso, reforçando a crença de que o uso da linguagem em suas representações discursivas faz parte de um jogo de linguagem constatativo. Entretanto, a forma como os jornalistas de VEJA representam eventos ou identidades sociais em seu discurso se pauta exclusivamente por um modo de elaboração e proposição da sua voz que ora re-produz monologicamente a realidade dos acontecimentos, ora se ancora por estratégias discursivas que lhe dão o caráter de verdade, além de darem a evidência de uma veracidade em suas proposições. Na análise, encontramos o fato de essas representações discursivas que VEJA, sob a voz de seus jornalistas, faz em seus textos convergirem para a identidade dos atores políticos, revelando marcas de antagonismo que incidem diretamente na impugnação e na construção de novas identidades. Tais marcas de antagonismo se realizam sob a forma de avaliações atitudinais e contrações de vozes proposicionais alternativas que tanto constroem identidades de maneira desprestigiosa, quanto ainda as comprometem moral e juridicamente para a audiência. Este antagonismo presente na voz dos jornalistas de VEJA foi um ponto importante para argumentar que, primeiro, seu uso da linguagem não é informativo e que, segundo, suas proposições põem em xeque, contraexpectativamente, a própria legitimidade não só das identidades dos atores sociais em questão, mas também da alternativa política e ideológica que elas representam para o mundo social. Assim, percebemos que a corrupção não só é constatada, mas também avaliada em termos jurídico-morais, de tal modo que a impugnação e desaprovação dos atores políticos tornam-se apenas a consequência natural e legítima dela, tudo isso graças à forma como ela, a corrupção, é representada nos textos midiáticos. Dado que VEJA recusa-se, assim, a discutir questões do âmbito político em termos claramente políticos e trata tais questões de forma jurídico-moralista, ela escapa de se manifestar como um ator político também, que, por meio de seus discursos, interfere no domínio sobre o qual ela fala, gerando consequências que vão muito além do que simplesmente informar. Concluímos que a constatação da corrupção assume dimensões ideológicas, políticas e institucionais deslegitimadoras, principalmente quando tematizada de fora do mundo sistêmico da administração estatal e do direito, tornando-se ponto nodal recursivo de representações sociopolíticas que lutam para ordenar e narrar a realidade de modo particular.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chave: Corrupção; Discurso; Performatividade; Avaliação; Identidades.</span></font></div>