Quem casa quer casa: conceitualização e categorização de violência por mulheres vítimas de violência conjugal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Jamison, Kaline Girão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=68538
Resumo: A partir de boletins de ocorrência, lavrados por mulheres vítimas de violência conjugal na Delegacia de Atendimento à Mulher de Fortaleza, buscamos identificar quais os Modelos Cognitivos Idealizados (MCI) que estruturam o conceito de VIOLÊNCIA CONJUGAL nos relatos dessas vítimas. Nosso foco consiste em entender a relação entre cognição e linguagem, analisando tropos que, como a metáfora e a metonímia, exercem papel importante em atividades cognitivas e no processo de conceitualização da violência conjugal, enquanto fenômeno sócio-culturalmente situado. A abordagem teórica situa-se no campo da Linguística Cognitiva e é baseada nos estudos de Lakoff (1987) sobre Modelos Cognitivos Idealizados. A investigação qualitativa e de caráter exploratório-descritiva foi feita a partir de uma análise de um corpus formado por 41 segmentos discursivos, retirados de depoimentos de 6 mulheres vítimas de violência conjugal, gravados durante a produção de boletins de ocorrência (B.O.) Para chegar a um MCI de VIOLÊNCIA CONJUGAL OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA, precisamos partir de um MCI de VIOLÊNCIA geral, cujos elementos são: agente, paciente, ação, instrumento, danos e pano de fundo, e do conceito CASA, enquanto estrutura física e abstrata que abriga a instituição matrimonial como cenário de pano de fundo prototípico. O conceito CASA encontra-se subjacente em todos os depoimentos, demonstrando sua influência para a estruturação do conceito CASAMENTO. Constatamos que as queixas das vítimas relacionadas à violência conjugal têm conexão com a violação de elementos do MCI de CASAMENTO. Sob esse ângulo, agrupamos certas ações praticadas pelos companheiros/maridos e ressaltadas pelas vítimas nos seguintes elementos do MCI de violência conjugal: marido não protetor, pai não protetor, marido não provedor agindo como se fosse, falta de felicidade matrimonial e violação da condição de mulher separada. Dentre esses elementos, marido não protetor é o elemento do MCI VIOLÊNCIA CONJUGAL OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA de maior incidência entre os depoimentos das vítimas. Percebemos que, apesar de agressão física ser um submodelo metonímico prototípico de violência e de FORÇA(física) servir como base pré-conceitual da categoria violência, os elementos violados do MCI de CASAMENTO que estruturam em grande parte os MCIs de VIOLÊNCIA CONJUGAL OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA. Palavras-chave: Lingüística Cognitiva, Modelos Cognitivos Idealizados, Conceitualização, VIOLÊNCIA