Alterações respiratórias e funcionais em indivíduos com esclerose lateral amiotrófica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Angri, Daniela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/20866
Resumo: Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa idiopática e progressiva que afeta os neurônios motores superiores e inferiores. Esta condição leva à atrofia e fraqueza generalizada, geralmente resultando em um prognóstico fatal dentro de poucos anos. A deterioração da musculatura apendicular na ELA dificulta a realização das atividades de vida diária, causa alterações de funcionalidade e impacta negativamente na qualidade de vida dessas pessoas. Por sua vez, a fraqueza da musculatura respiratória compromete a eficácia da tosse, principalmente por diminuição da capacidade de gerar pressão expiratória, essencial para proteger as vias aéreas. Objetivo: I) Investigar as características clínicas e funcionais de indivíduos com ELA; e II) Explorar a associação entre alterações respiratórias e funcionais dos participantes. Métodos: Estudo analítico, observacional e transversal, previamente aprovado pelo CEPSH (CAAE: 65587522.0.0000.0118), que incluiu indivíduos com diagnóstico de ELA, maiores de 18 anos, voluntários, residentes em Santa Catarina/Brasil. Na avaliação inicial foram coletadas as seguintes variáveis: sinais vitais e dados antropométricos; escala de fadiga -Fatigue Severity Scale (FSS); prova de função pulmonar; questionário de funcionalidade -Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale (ALSFRS-R) e qualidade de vida -ALS Assessment Questionnaire (ALSAQ-40); prova de força muscular respiratória; questionário de gravidade da ELA -Egela (EGELA); avaliação do pico de fluxo de tosse (PFT) e pico de fluxo expiratório (PFE); escala de disfagia -Eating Assessment Tool (EAT-10) e escala de sonolência de Epworth; teste de força muscular periférica. Os dados foram registrados e organizados utilizando o programa SPSS Statistics (Statistical Package for Social Sciences) versão 20.0. A estatística descritiva foi reportada em medidas de tendência central (média) e dispersão (intervalo de confiança de 95% da média). A normalidade dos dados foi testada com o teste de Shapiro Wilk. A associação entre as variáveis foi analisada por meio do coeficiente de correlação de Pearson. O teste T de Student foi utilizado para comparar os grupos com fraqueza muscular inspiratória (FMI) e sem FMI (SFMI). O nível de significância adotado foi de 5% (p ≤ 0,05). Resultados: Participaram do estudo 15 indivíduos com diagnóstico de ELA. A média de idade foi de 61,2 anos (IC 45.5 - 78.7) , sendo 66,7% do sexo feminino. Na avaliação de função pulmonar, apresentaram, em média, CVF (67,4% do predito, IC 45,5-89,2), PEF (49,4% do predito, IC 28,2-70,5), PImáx (38,2% do predito, IC 19,5-57,0), PEmáx (51,2% do predito, IC 26,2-76,3) e Pico de fluxo de tosse (297,1L/min, IC 148,1-446,1). Encontramos correlação direta entre função pulmonar e funcionalidade (ALSFRS-R x CVF% do predito, r=0,67/ p=0,006), função pulmonar e gravidade da doença (Egela x CVF%, r=0,74/ p=0,001), função pulmonar e força muscular periférica (força de quadríceps x CVF, r=0,64/ p=0,010) e entre função pulmonar e fadiga (FSS x PFT, r=0,51/ p=0,048). E relações indiretas entre qualidade de vida e função pulmonar (ALSAQ40 x CVF, r=-0,53/ p=0,039), função pulmonar e risco de disfagia (EAT-10 x CVF%, r=-0,70/ p=0,004) e entre os testes de função pulmonar e IOS (Fres x PImáx, r=-0,67/ p=0,018) (Fres x PFE, r=-0,66/ p=0,007). Quando separados por grupos, o grupo FMI obteve os piores resultados nas variáveis CVF%, VEF1% e PFE. Conclusão: Este estudo confirmou que há associação entre as alterações respiratórias e as alterações funcionais em indivíduos com ELA. A função pulmonar se correlacionou com a funcionalidade, qualidade de vida (QV), risco de disfagia, gravidade da doença, força muscular de quadríceps e fadiga. Também houve correlação entre os testes de IOS e função pulmonar e força muscular inspiratória. Isso mostra um caminho amplo para a avaliação destes indivíduos.