Identidade quilombola: o potencial para a conservação da Mata Atlântica na Comunidade de Cordoaria

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Souza, Sandro Araújo de lattes
Orientador(a): Alencar, Cristina Maria Macêdo de lattes
Banca de defesa: Porciuncula, Débora Carol Luz da lattes, Suzuki, Júlio César
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Planejamento Ambiental
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1632
Resumo: As comunidades remanescentes de quilombos podem ser definidas como grupos étnicos atributivos, cuja identidade, sinais e emblemas socialmente significativos são atribuídos pelos próprios sujeitos sociais. Para aplicação dos direitos constitucionais, a partir do art. 68 do ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), a auto-atribuição de uma identidade básica costuma ser determinada por sua origem comum e formação no sistema escravocrata ou pós-escravidão, denominando indivíduos, grupos ou populações no contexto atual, para conferir-lhes direitos territoriais e reinventar novas figuras do social. Na Comunidade Remanescente de Quilombola Cordoaria buscou-se identificar atributos dessa identidade básica relacionando-a com as atividades culturais e produtivas desenvolvidas no cotidiano dos seus sujeitos sociais, que possam apresentar potencial para a conservação do bioma de Mata Atlântica. Assim, questionou-se: a identidade étnica é mediação fundamental para conservação da Mata Atlântica nos vínculos estabelecidos entre o modo de vida rural e o urbano metropolitano na Comunidade Remanescente Quilombola de Cordoaria? Tendo por referência, a imersão dessa comunidade rural na dinâmica da Região Metropolitana de Salvador com forte influência do urbano-industrial, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, através da coleta das narrativas de vida dos quilombolas quanto aos atributos de afirmação identitária e sua relação com o ambiente natural, que resultou numa narrativa relacional, articulando-se os aspectos materiais condizentes com as atividades tradicionais no cotidiano desses sujeitos sociais, como também os aspectos imateriais referentes às suas práticas culturais. Nesse caso, o objetivo geral da pesquisa foi relacionar atributos de identidade quilombola com atividades potenciais para conservação da Mata Atlântica, nos vínculos estabelecidos entre o modo de vida rural e urbano, na Comunidade de Cordoaria, a partir dos anos 1980 até os dias atuais. Para isso, a memória emerge com instrumento fundamental para reconstituir o modo de vida dos quilombolas, no tempo e no espaço. Utilizou-se o método da história oral na captura e descrição dos valores que os quilombolas revelaram nas suas práticas de sociabilidade e na sua relação com a natureza em que vivem. Para apreender e relacionar dialeticamente dois referenciais epistemologicamente implicados na narrativa (identidade quilombola e conservação da Mata Atlântica)foi necessário buscar subsídios na Etnoecologia, na História Social, como também realizar o mapeamento do uso da terra e interpretação dos dados através da análise de conteúdo. Nesse sentido, foram detectados elementos de organização comunitária para o enfrentamento dos problemas socioambientais locais, principalmente relacionados à manutenção de uma identidade étnicocultural, bem como à garantia de recursos básicos para a qualidade de vida (serviços de saneamento básico, educação, saúde, investimento e assistência às atividades rurais, gestão de recursos naturais). Concluiu-se que na Comunidade Remanescente de Quilombo da Cordoaria a ruralidade emerge associada à manutenção de uma identidade quilombola, com forte interação entre as tradições rurais e a modernidade urbana-industrial, por imersão na dinâmica metropolitana, na qual o modo de vida dos quilombolas conformam atributos potenciais para a conservação do bioma de Mata Atlântica.