O silenciamento da violência conjugal contra a mulher: um estudo de caso na cidade de Cachoeira, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Silva, Elisângela Conceição Pereira da lattes
Orientador(a): Rabinovich, Elaine Pedreira lattes
Banca de defesa: Silva, Célia Nunes lattes, Pacheco, Ana Claudia
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1542
Resumo: Este estudo aborda a violência conjugal no município de Cachoeira, Bahia, do ponto de vista de seu silenciamento. Proposto por Boaventura Sousa Santos, o silenciamento seria produzido histórica e socialmente pelo poder hegemônico, ocorrendo um “epistemicídeo”: o assassinato, no dominado, da possibilidade de existir como ser dotado de capacidade de pensar por si. A construção de sua identidade se dá pela palavra do outro. A hipótese subjacente ao presente estudo é a de que haveria uma “concertação” societária conduzindo ao silenciamento da violência conjugal, ancorada em práticas sócio-históricas de várias temporalidades. Para compor um corpus empírico deste trabalho, foram coletados dados de fontes e instrumentos variados e disponíveis, de modo a compor um panorama dos atores da cidade, a saber: dados censitários; dados iconográficos; aplicados 159 questionários semi-estruturados aos seguintes segmentos da sociedade cachoeirense: saúde: enfermeira e médicos; educação: estudantes e professores; sociedade civil: comerciantes e feirantes; religião: padre, freiras e irmandades; poder público: funcionários da delegacia, secretários e políticos; violentada: uma entrevista com mulher que sofreu violência; processos crimes: cinco casos, anos 1995, 1996 e 2008, dados cedidos pelo Centro de Documentação e Estatística Policial (CEDEP), período 2004 a 2007; rememoração: transcrição de quatro casos que chocaram a sociedade, anos 1955, 1965, 1998 e 2003. Cada um desses estudos foi objeto de uma análise particular à qual se seguiu uma análise geral quantitativa. Esta análise confirmou com alto grau de fidedignidade que os moradores de Cachoeira conhecem casos de violência, mas não o denunciam. Em termos legais, a violência contra a mulher só ganha expressividade social quando ocorre o feminicídio. Não há delegacia especializada para atendimento a mulher em situação de violência nem uma preocupação do poder público e das escolas em abordar a temática. A população, em geral, omite-se. Embora evidenciando um crescente desnudamento desta violência, os dados do CEDEP não correspondem à realidade no seu todo. Portanto, este estudo confirma o silenciamento da violência conjugal contra a mulher, que não é denunciada, em parte, por não ser concebida como tal. Propõe-se uma ação dirigida a homens e mulheres no sentido de conscientizar a população dos significados “silenciados” associados a práticas de violências para que, ao perceber possibilidades futuras re-interpretando o passado, possam alterar o presente.