Vogais médias postônicas do português: um estudo de variação linguística no extremo sul do Brasil
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas# #-8792015687048519997# #600 Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Letras# #8902948520591898764# |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/727 |
Resumo: | Este estudo descreve, analisa e formaliza o comportamento das vogais médias postônicas não finais e finais no português falado no extremo sul do Brasil, mais especificamente em cinco cidades que fazem fronteira com o Uruguai: Aceguá, Chuí, Jaguarão, Quaraí e Santana do Livramento. O interesse está na necessidade de um mapeamento do português falado em comunidades que fazem fronteira com o Uruguai, país de fala espanhola, já que os sistemas vocálicos do português brasileiro (PB) e do espanhol mostram diferentes estruturas e funcionamento: sete são as vogais fonológicas do PB e, segundo Câmara Jr. (1977), na posição postônica não final há o funcionamento de quatro vogais: /a/, /i/, /u/, /e/, passando para apenas três na posição átona final: /a/, /i/, /u/, em virtude de um processo de neutralização; diferentemente, o espanhol apresenta, em todas as posições fonológicas, o sistema de cinco vogais: /a/, /i/, /u/, /e/, /o/, independentemente da tonicidade da sílaba. Assumiu-se como hipótese de pesquisa, considerando estudos como o de Vieira (1994, 2002, 2009) e de Machry da Silva (2009), que os falantes das cidades brasileiras fronteiriças com o Uruguai, por influência da fonologia do espanhol, apresentam diferenças no emprego das vogais átonas não finais e finais, em se comparando com o português falado no restante do Rio Grande do Sul e do Brasil. Aliando-se aos estudos voltados para a investigação do PB falado na Fronteira Sul do País, esta investigação está fundamentada na Sociolinguística Variacionista, com a particularidade de propor a análise fonológica e a formalização dos resultados com base na Teoria da Otimidade Estocástica. O corpus do estudo foi constituído por dados de 40 (quarenta) informantes – oito informantes de cada uma das cidades. Foram propostos dois tipos de procedimentos para a coleta dos dados: um instrumento específico para a obtenção de vogais postônicas não finais e uma entrevista sociolinguística para a obtenção de vogais postônicas finais. Os dados foram transcritos, fichados e submetidos ao programa computacional RBRUL, com o controle de variáveis linguísticas e extralinguísticas. Os resultados estatísticos indicaram que essas variáveis se mostraram relevantes para o processo de elevação das vogais médias postônicas não finais nas cinco cidades pesquisadas, mas parecem indicar que a motivação para a ocorrência (ou não) do processo se encontra no contato com o espanhol, fator homogeneizado, tendo em vista o fato de estar presente em todas as cidades fronteiriças. O processo de elevação das vogais postônicas mostrou-se presente em todas as cidades de fronteira: quanto às vogais postônicas não finais, os índices foram inferiores ao restante do Estado e País, sendo mais efetivo com a vogal média /o/ do que com a média /e/, o que corrobora a proposta de Câmara Jr. (1977); quanto às vogais postônicas finais, a efetivação do processo alcançou índices acima de 70% para a vogal /e/ e de 95% para a vogal /o/, com resultados categóricos para as cidades de Chuí e Jaguarão, trazendo evidências de que esse processo de variação pode estar indicando uma mudança no PB da fronteira. As formalizações com o suporte da Teoria da Otimidade Estocástica evidenciaram que, por meio de restrições e de sua hierarquização, é possível representar a atonicidade como motivadora do processo alvo do estudo, bem como expressar a tendência à elevação vocálica no PB como resultante do processo de neutralização. As análises dos dados permitem afirmar que o comportamento das vogais médias postônicas nas comunidades de fronteira com cidades do Uruguai apresenta especificidades que distanciam o português fronteiriço do PB falado no restante do Estado e do País. |