O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA E O TRABALHO DO PROFESSOR NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM DIALÓGICA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Bonow, Jaudete Jardim Meireles
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Letras
BR
Ucpel
Mestrado em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/40
Resumo: Tendo como referencial teórico as contribuições de Mikhail Bakhtin e seu Círculo (Bakhtin, 2003a, 2005; Bakhtin/Volochinov, 2004) em diálogo com os estudos sobre o trabalho (Amigues, 2004; Schwartz, 2003), esta pesquisa tem o objetivo geral de verificar se o livro didático Português Texto e Voz, de Lídio Tesoto, aprovado pelo PNLD e adotado entre 2005 e 2007 em uma 5ª série de uma escola da rede estadual de Pelotas, contempla o gênero discursivo como objeto de ensino, conforme sugerem os PCNs, e como, no trabalho com o referido livro, o professor desenvolve sua atividade docente. Dentre os objetivos específicos, esta pesquisa visa (a) averiguar se a abordagem do texto no livro didático contempla as condições de produção dos discursos de acordo com os gêneros discursivos e (b) averiguar características do trabalho do professor de língua portuguesa bem como renormalizações efetuadas ao utilizar o livro didático. Como procedimentos metodológicos, é efetuada a análise da primeira unidade do livro didático, observando-se, nas sete lições que a compõem, aspectos relativos às condições de produção e gêneros do discurso e a articulação entre as atividades textuais e atividades lingüísticas. Também são analisadas quatro entrevistas com professores da escola que adotou o livro didático, observando-se aspectos como o enfoque dado aos gêneros discursivos, ao entendimento dos PCNs, às atividades textuais e lingüísticas e às readequações na utilização do livro didático. Dentre os resultados, observou-se que o livro analisado propõe atividades em níveis isolados, ora abordando aspectos textuais ora lingüísticos, sem contemplar o gênero como unidade de ensino, em suas condições de produção, circulação e recepção. Quanto aos professores, constatou-se que, embora não trabalhem com a noção de gênero discursivo, percebem que o livro polariza sua abordagem no texto, pouco contemplando os aspectos lingüísticos. Além disso, foi possível depreender que a maioria dos docentes, para desenvolver seu trabalho de modo satisfatório, tem de recorrer a outros textos, que se aproximem da realidade dos alunos, diferentes dos apresentados no livro didático. O que se percebe é que, embora os professores tenham uma alta carga horária, não tenham uma política de formação continuada e não recebam orientação para escolher os livros didáticos, cada um deles cria mecanismos para gerir sua prática laboral de modo a criar atividades variadas para os alunos. Desse modo, diferentes diálogos emergem no debate entre as normas que antecedem o trabalho docente e a sua renormalização, devido, em grande parte, à necessidade de desenvolver propostas que contemplem a realidade e os interesses dos alunos. Destacam-se, nesse sentido, diferentes planos de diálogo com o livro, desde o mais próximo, uma professora que adota o livro em sua atividade docente, passando por outra que não segue o livro, mas aproveita alguma coisa dele, e uma terceira que praticamente abole o livro de sua atividade, e chegando a um professor que, distanciando-se da proposta do livro didático, desenvolve um trabalho voltado para as experiências concretas dos alunos.