Entre o dentro e o fora das muralhas: um olhar acerca da perspectiva estatal sobre visitantes de estabelecimentos prisionais do Rio Grande do Sul
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Politica Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/895 |
Resumo: | O presente trabalho, vinculado à linha de pesquisa Direitos Humanos, Segurança e Acesso à Justiça, propõe-se a lançar o olhar sobre as perspectivas que permeiam as configurações prisionais, evidenciando os visitantes de pessoas reclusas como sujeitos que se vinculam a essa realidade, figurando como mediadores entre o dentro e o fora da prisão. Buscou-se auxiliar na compreensão das diferentes leituras sobre o fenômeno social do aprisionamento, desde a abordagem clássica que considerava a prisão como uma instituição fechada em si mesma e descontinuada da sociedade livre, até o momento de reconhecimento da insuficiência desta visão pela literatura. Desta forma, objetivou-se contribuir com o debate acerca da complexificação do fenômeno prisional, especificamente no que tange às relações tecidas entre a prisão e visitantes. Utilizamos a noção de “complexo social penitenciário” de Rafael Godoi (2015), para entender como as configurações prisionais representam mais do que as figuras do vigilante e do vigiado em interação. A metodologia elegida foi a análise de discurso, conjuntamente a pesquisa bibliográfica. Frente aos dados obtidos pudemos observar em se tratar sobre a questão penitenciária um emaranhado complexo configuracional onde a visitação representa um elemento articulador de redes interrelacionais e fluxos de afetos, apoios, mercadorias, subordinações, tornando os visitantes elementos de uma dualidade latente, constituindo, ao mesmo tempo, sujeitos úteis ao cárcere, na regulação indireta de comportamento dos presos, e indivíduos sob constante suspeição por sua ligação com o “mundo do crime”. Como resultados, a partir das análises das matérias veiculadas pelo órgão estatal responsável pela administração prisional, tem-se a representação da mulher visitante como alguém sob suspeita, que deve ser monitorada, especialmente nos portões de entrada da prisão onde são transpostas as suas barreiras. Assim, verificou-se que a prisão, como estrutura de punição e segregação, produz efeitos para além das experiências de seus encarcerados, sendo construídas a partir de seu contexto relações cada vez mais intrincadas entre o “dentro” e o “fora” das muralhas. Os visitantes, como sujeitos que permeiam esse ambiente, representam uma dimensão da questão penitenciária que precisa ser cada vez mais discutida para a superação de noções predeterminadas e a construção de novas perspectivas. |