O papel do estresse parental e da qualidade da interação familiar no estresse infantil e em problemas emocionais/comportamentais em escolares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ribas, Larissa Hallal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias da Saude
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Saude Comportamento
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/1027
Resumo: A identificação precoce de fatores relacionados ao desenvolvimento de estresse e de problemas emocionais e comportamentais em escolares é fundamental, pois ambos estão associados a prejuízos à saúde mental e física na adolescência e na vida adulta. Destacam-se como fatores associados o estresse parental e a qualidade da interação familiar, uma vez que a saúde mental do cuidador é preditor da saúde mental infantil e que os cuidadores podem ser a base para o funcionamento físico, emocional e comportamental da prole. Assim, o objetivo da tese é revisar sistematicamente na literatura a relação entre estresse parental e problemas emocionais e comportamentais em escolares, bem como, relacionar a qualidade da interação familiar percebida por crianças com estresse infantil auto-reportado e problemas emocionais e comportamentais em crianças de 7 a 8 anos, em um estudo empírico. Foram seguidas as diretrizes Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analysis (PRISMA) para a revisão sistemática, registrada no PROSPERO sob o ID “CRD42022274034”. As bases de dados incluídas foram PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde e PsycINFO. Já o artigo empírico trata-se de um estudo transversal, aninhado a um estudo maior, conduzido com crianças de sete a oito anos, regularmente matriculadas no terceiro ano do ensino fundamental de escolas municipais da cidade de Pelotas. A qualidade da interação familiar foi avaliada através da Escala de Qualidade de Interação Familiar (EQIF), o estresse infantil através da Escala de Stress Infantil (ESI) e os problemas emocionais e comportamentais através do Strengths and DifficultiesQuestionnaire (SDQ). A revisão sistemática com meta-análise revelou que o estresse parental está associado com problemas emocionais (COR: 0.46 [95% CI: 0.27 - 0.61], p < 0.001, Heterogeneidade = 89%) e comportamentais em crianças em idade escolar (COR: 0.37 [95% CI: 0.27 - 0.46], p < 0.001, Heterogeneiadade = 76%). O estudo transversal mostrou que a pior qualidade da interação familiar materna está relacionada com estresse infantil auto-reportado (r=-0.260; p<0.001), problemas emocionais (r=-0.119; p=0.014) e comportamentais (r=-0.212; p<0.001). Além disso, a pior qualidade da interação entre a criança e o pai também está relacionada com estresse infantil (r=-0,241; p<0.001), problemas emocionais (r=-0.132; p=0.008) e comportamentais (r=-0.197; p<0.001) nos escolares avaliados. Portanto, o estresse parental e a pior qualidade da interação familiar percebida pelas crianças tem relação com desfechos negativos em saúde mental em crianças em idade escolar. Assim, promover cuidados com a saúde mental dos cuidadores e a saúde relacional familiar, com ambientes sociais familiares coesos e práticas parentais positivas, coerentes, não permissivas e não punitivas é um dos caminhos para a prevenção de estresse infantil e problemas emocionais e comportamentais na infância. Estudos longitudinais futuros, que acompanhem as crianças ao longo do tempo, em outros grupos etários e, portanto, em outras fases do neurodesenvolvimento infantil, são incentivados.