Osteoartrite prematura das mãos no Jiu-Jitsu brasileiro: uma nova entidade nosológica
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias da Saude Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Saude Comportamento |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/972 |
Resumo: | O Jiu-Jitsu Brasileiro, conhecido mundialmente porseu nome em inglês, Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ), é um esporte de luta que cresce rapidamente e conta com um amplo espectro de praticantes. É uma arte marcial que enfatiza quedas, travas articulares, estrangulamentos e estratégia para imobilizar, controlar, submeter e desabilitar um atacante através de !finalizações”. Esse esporte intercala exercícios anaeróbicos muito intensos com períodos mais ou menos longos de atividades de menor intensidade. Observamos que os atletas com maiores níveis de carga e tempo de prática dessa arte marcial, apresentavam alterações fenotípicas dos dedos das mãos semelhantes aos pacientes idosos com osteoartrite (OA). Então, tentando compreender essa afecção desenvolvemos esta tese com a aplicação de diversos instrumentos. Assim, o objetivo geral da tese foi determinar a prevalência, bem como descrever as lesões dos dedos típicas do estresse crônico proveniente da prática do BJJ. O artigo 1 foi um estudo transversal caso-controle que descreveu radiograficamente um tipo de OA das mãos, suas características e fatores associados à prática do BJJ. Utilizamos uma amostra de conveniência de atletas, com tempo de prática >6 meses, com idade igual ou superior a 18 anos, de uma academia no Sul do Brasil com a coleta de dados ocorrendo entre dezembro de 2021 e março de 2022. Os atletas responderam a um questionário semiestruturado, coletaram dados antropométricos e realizaram radiografia de ambas as mãos. Após análise radiográfica e classificação das articulações, dividimos a amostra em dois grupos. O grupo HOA foi composto por 59 atletas que apresentaram pelo menos uma articulação de alguma mão classificada como Kellgren-Lawrence (K-L) grau >2 (p=0.001), e o grupo controle foi composto por 51 indivíduos classificados como K-L 0. Assim, o artigo 1 descreveu uma OA das mãos em atletas de BJJ em uma idade precoce, onde propusemos o uso do termo Osteoartrite Prematura das Mãos (OPM). Observamos que o gênero (OR = 2.28 [95% CI, 2.08-45.67]; P = .004), o tempo de prática (OR = 1.42 [95% CI, 1.80-9.42]; P = .001), a carga total de treinamento ao longo da vida (OR = 1.37 [95% CI, 1.69-9.19]; P = .002), se os atletas se consideravam profissionais (OR = 1.09 [95 % CI, 1.18-7.48]; P = .021) e a graduação da faixa (OR = 3.08 [95% CI, 2.73-173.47]; P = .002) podem aumentar o risco para o desenvolvimento de OPM. O artigo 2 utilizou a mesma amostra, onde avaliamos a autopercepção de praticantes de BJJ sobre suas mãos na prática de Jiu-Jitsu e sua relação com as deformidades dos dedos na OPM. Além disso, avaliamos a força de preensão manual de atletas de BJJ e sua relação com a OPM. Verificamos que ter uma lesão na mão durante a prática de BJJ no último ano (OR 1.34, 8 95%CI [1.71;8.54], p=0.001), ter alguma deformidade nas mãos devido à prática de BJJ (OR 1.17, 95%CI [1.47;7.06], p=0.004) e atletas que se identificam com o fenótipo clássico de deformidades nos dedos (mãos do Jiu-Jitsu) (OR 1.19, 95%CI [1.43;7.48], p=0.005) aumentaram o risco para o desenvolvimento da OPM. Além disso, a força de preensão manual mostrou ser um importante fator de risco para o seu desenvolvimento (left hand: OR 6.12, 95%CI [1.98;10.26], p=0.004; right hand: 7.01, 95%CI [2.40;11.61], p=0.003). Assim, a presente tese concluiu que homens, com idade média de 33 anos, que treinam há mais de 60 meses, com uma carga total de treino ao longo da vida superior a 1500h, faixas marrom/preta, atletas profissionais, que sofreram lesão no último ano, apresentam deformidades nos dedos, que se identificam com as deformidades típicas dos dedos e que apresentam os maiores índices de força de preensão palmar, são fatores de risco para o desenvolvimento de OPM. |