Avaliação, dispositivo coercitivo do estado neoliberal na formação dos sujeitos : análise do discurso das provas do Enade elaboradas pelo BNI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Fernandes, Virginia Sene lattes
Orientador(a): Monfredini, Ivanise lattes
Banca de defesa: Camba, Mariângela, Souza, Maria do Rosário Abreu e, Abdalla, Maria de Fátima Barbosa, Gomes, Marineide de Oliveira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Doutorado em Educação
Departamento: Centro de Ciências da Educação e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/7683
Resumo: Enade, avaliação aplicada aos estudantes de graduação, para mensurar a qualidade dos cursos em IES. Para Foucault, os exames servem como norma de controle sobre os indivíduos, que se tornam ¿assujeitados¿ em seu processo de formação. Defende-se a tese de que as provas, enquanto práticas pedagógicas avaliativas funcionam como dispositivos das tecnologias do poder do Estado neoliberal. O objeto de análise teve foco nas questões do Enade de pedagogia de 2014 e 2017, elaboradas pelo BNI/INEP. O objetivo da pesquisa foi identificar se os itens das provas foram elaborados a partir dos conteúdos curriculares, competências e perfil do aluno previstos nas DCN, e, a partir dos dados obtidos, conhecer qual a influência que os processos de exame e provas podem exercer sobre a formação dos sujeitos. Os fundamentos teóricos-metodológicos utilizados de Foucault sobre o dispositivo de vigilância e controle que as provas exercem sobre a formação dos sujeitos avaliados, e de Dardot e Laval sobre o conceito de avaliação a serviço da lógica do desempenho dos governos neoliberais ao instaurar um estado ¿avaliador¿ que mobiliza instrumentos de poder na formação do sujeito neoliberal. Teve por objetivos específicos: descrever as mudanças ocorridas nas IES sob influência da política neoliberal; descrever os instrumentos de elaboração de itens do BNI; apontar as mudanças do SINAES de uma avaliação emancipatória para função regulatória; analisar o perfil de profissional de educação desejado pelo mercado de trabalho sustentados pelos discursos da governamentalidade neoliberal como verdades; conhecer as percepções e expectativas sobre o Enade, dos estudantes, professores das IES, dos debatedores do webinar. Os instrumentos metodológicos foram: pesquisa bibliográfica; análise de conteúdo das provas na concepção de Bardin; análise de discurso, na perspectiva de Foucault, dos debatedores do webinar promovido pelo SEMESP e dos textos das provas; questionários aplicados a estudantes e professores. Das análises, pode-se afirmar que a avaliação institucional reproduz a lógica da concorrência e da competitividade típicas de um estado neoliberal, ocultando o processo de subjetivação que as tecnologias do poder exercem sobre os indivíduos. A prova elaborada pelo BNI/INEP contém fragilidades ao avaliar a as competências e conteúdos curriculares dos cursos. É um exame que não revela a realidade de cada curso ou instituição, trazendo pouca contribuição a estudantes e gestores das IES e perde a sua credibilidade como política pública, no entanto atende aos interesses do mercado educacional, contribuindo à governança de um estado neoliberal.