Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Mota, Fabiana Sanches da
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Orientador(a): |
Martins, Lourdes Conceição
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Banca de defesa: |
Martins , Lourdes Conceição,
Barbieri, Carolina Luísa Alves,
Lopes, Miriam Guedini Garcia,
Coelho, Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio,
Braga, Alfésio Luís Ferreira |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Católica de Santos
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Programa de Pós-Graduação: |
Doutorado em Saúde Coletiva
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Departamento: |
Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://tede.unisantos.br/handle/tede/6962
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Resumo: |
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada por uma síndrome letal, progressiva e sem possibilidade de reversão. Além da maneira insidiosa com que a doença avança, outro fatores também são determinantes para o aumento dos casos no Brasil. Além das complicações clássicas como, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes, contextos diferentes e atuais como, aumento da expectativa de vida, urbanização, exposição a inúmeros poluentes, e contaminantes químicos disparidades sociais e econômicas também figuram como responsáveis pelo aparecimento da doença. Contudo, conhecer a real prevalência de todos os estágios da DRC ainda é um desafio no Brasil, já que os serviços de emergência servem como porta de entrada para a terapia dialítica, invertendo a lógica da atenção primária em saúde. Nesse sentido, a utilização do georreferenciamento pode auxiliar nas estimativas dos dados epidemiológicos brasileiros e incentivar políticas públicas que determinem os casos de disfunção renal nos estágios precoces da doença. Quando a DRC avança até o estágio V, a terapia dialítica torna-se fundamental. No entanto, mesmo com o avanço das técnicas de diálise, o processo inflamatório e a perda de proteínas durante a sessão ainda contribuem para o aparecimento e/ou agravamento do processo de desnutrição proteica-energética. Assim, identificar os pacientes que possuem fatores catabólicos e mapear as áreas de risco para esse doença, possivelmente irão auxiliar para intervenções precoces e o tratamento especializado. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi analisar a distribuição espacial dos pacientes em hemodiálise da região metropolitana da Baixada Santista. Estudo transversal que avaliou 87 pacientes de ambos os sexos, em tratamento por hemodiálise (HD) regular de uma clínica da Baixada Santista. A avaliação do estado nutricional foi composta por peso corporal seco (após a HD), avaliação global subjetiva do estado nutricional de 7 pontos (AGS) e lista de frequência alimentar. Para avaliar o consumo alimentar da amostra, as recomendações propostas pela DRI foi utilizada. Para conhecer as características gerais, demográficas e sociais foi aplicado um questionário durante a sessão de diálise. O georreferenciamento foi desenhado por meio dos dados obtidos pela CETESB, 2008. Para fins estatísticos, os pacientes foram divididos de acordo com a exposição (n=36, 41,4%), ou não (n=50; 58,5), aos contaminantes ambientes. A regressão linear múltipla foi realizada para avaliar o efeito dos contaminantes na progressão da DRC. Na presente amostra se constatou a prevalência do sexo masculino e a HAS como comorbidade predominante. A média da idade foi de 54, com valores entre 18 a 92 anos. A presença de diabetes foi constatada em 33 (37,9%) pacientes e o tempo médio em tratamento foi entre 1 a 5 anos. Creatinina, ureia pré diálise, potássio, fósforo e cálcio, apresentaram valores médios de acordo com as recomendações, apenas albumina sérica demonstrou alteração. Observa-se números semelhantes entre pacientes bem nutridos (n= 44; 50,6%) e com diagnóstico de desnutrição moderada (n=41; 47,1%), de acordo com a classificação da AGS.. Quanto ao contato com os contaminantes, 32 (37,0%) pacientes relataram diferentes exposições, sendo produtos químicos 26 (30,0%), cloro 13 (14,9%) e poeira 12 (13,8%) os que receberam mais destaque. A exposição a fumaça do cigarro foi relatada por 34 (39,1%) participantes da amostra. Após o mapeamento por meio do georreferenciamento, apenas 11 (12,64%) pacientes em HD não apresentaram local de residência em área contaminada. Após a divisão em dois grupos, exposto e não exposto aos contaminantes ambientais, as variáveis escolaridade e ureia demonstraram que pacientes expostos apresentavam menor tempo de estudo (ensino médio: 46% vs 11%; p=0,053) e, possivelmente, catabolismo proteico acentuado (ureia: 149 vs 130 mg/dL; p=0,013). O efeito dos contaminantes (OR=3,06; IC 95% 1,23-7,65) foi superior aos danos nocivos provocados pelas doenças crônicas que atualmente representam as causas principais da DRC (HAS: OR=1,03 IC 95% 0,26-4,00; Diabetes: OR=1,34 IC 95% 0,52-3,45). Assim, sugere-se que tanto a moradia próxima as áreas contaminadas por poluentes ambientais, como a exposição aos contaminantes no local de trabalho, são fatores que podem contribuir para a progressão da DRC e, consequentemente, a perda da função renal com a necessidade de terapia renal substitutiva. |