Autonomia docente sob regulação neoliberal : desafios e perspectivas a partir da prática de professores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Scalet, Daniella Gardini lattes
Orientador(a): Franco, Maria Amélia do Rosário Santoro lattes
Banca de defesa: Almeida, Maria Isabel de, Moreira, Sueli Lima, Motta, Guadalupe
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Doutorado em Educação
Departamento: Centro de Ciências da Educação e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/8021
Resumo: Esta tese de cunho qualitativo, retrata pesquisa de Doutorado em Educação, na linha de pesquisa “Educação e Formação”, da Universidade Católica de Santos, e aborda a compreensão de professores sobre o exercício de sua autonomia, aqui compreendida na perspectiva de Contreras (2002) e Freire (1996), procurando responder: Como professores do Ensino Médio compreendem o exercício de sua autonomia profissional no contexto de uma educação neoliberal que precariza o trabalho docente? O objetivo geral do trabalho é analisar e interpretar a compreensão dos professores sobre sua própria autonomia em um contexto marcado pela regulação neoliberal. Para chegar a este objetivo é preciso antes, compreender criticamente o conceito de autonomia, quer do ponto de vista teórico quer do ponto de vista dos documentos produzidos pelos professores; compreender e analisar as condições de desenvolvimento profissional do professor articulando as condições de trabalho atuais e a profissionalização possível neste contexto; compreender a docência e as possibilidades de autonomia sob a perspectiva freiriana; identificar na historicidade da educação brasileira, o conceito de formação e as raízes da configuração atual da docência no Brasil; interpretar as contradições postas frente a história da educação brasileira e o impacto advindo das políticas neoliberais. Para isso, realiza estudo bibliográfico e documental de 15 registros avaliativos produzidos por professores participantes de um curso de formação docente. Neste processo formativo, os professores cursistas acessavam o conteúdo pedagógico por intermédio de textos e videoaulas previamente preparadas e produziam os registros com suas compreensões sobre o conteúdo abordado. Para a análise dos dados, recorreu-se à Hermenêutica Dialética proposta por Minayo (1999), caminho metodológico que possibilita a compreensão da dinamicidade e da profundidade dos aspectos subjetivos e objetivos do problema de pesquisa. Buscou-se aporte teórico em teorias críticas, trazendo para o diálogo autores como Giroux, Kincheloe, Carlos Marcelo, Franco e Freire. Da análise hermenêutica dos documentos emergiram três categorias: Autonomia docente circunscrita; Limites e restrições postas pelo contexto neoliberal: impossibilidades emancipatórias; e o Novo Ensino Médio: intenções neoliberais. A análise dos resultados indica, entre outras considerações, que os professores participantes compreendem autonomia como ‘liberdade individual’, situada no campo do fazer e não no do pensar; valorizam a participação e conhecimento do aluno nos processos de ensino e aprendizagem e consideram a formação continuada como um importante apoio para o desenvolvimento profissional e para o exercício da autonomia docente, porém, contraditoriamente, não encontram nesses cursos elementos que fortaleçam seu trabalho em um sentido emancipatório. Embora a proletarização docente não seja uma realidade absoluta, uma vez que existem focos de resistência em diferentes âmbitos, ela tende a impactar o trabalho dos professores de maneira significativa, criando grandes barreiras a suas oportunidades de exercerem autonomia. A retirada do controle sobre o próprio trabalho dos professores cria uma lacuna que pode resultar no distanciamento entre o professor e sua práxis. Esse SCALET, Daniella Gardini. Autonomia docente sob regulação neoliberal: desafios e perspectivas a partir da prática de professores. Santos, Universidade Católica de Santos, 2023 (Tese de Doutorado em Educação). distanciamento culmina (quase) na desistência do professor sobre suas expectativas e aspirações, levando-o a se conformar com o habitual e se afastando de qualquer desconforto em troca de uma sensação de segurança baseada no familiar. Percebe-se também a partir das análises realizadas, danos à autonomia docente frente à predominância da práxis neoliberal na educação brasileira, uma vez que, até mesmo, uma universidade pública está sujeita a imposições e influência externa em programas de formação de professores. Pode-se afirmar que a autonomia docente se apresenta hoje, mais como uma abstração do que como uma condição inerente ao trabalho do professor uma vez que o contexto neoliberal no qual a prática docente se desenvolve, limita e até impede o exercício da autonomia. Considera-se que o fortalecimento da educação, e muitas das transformações necessárias, decorre a partir do verdadeiro protagonismo e valorização docente e de uma profunda mudança epistemológica nos cursos de formação.