Vir a ser Psicodramatista: um caminho de singularização em co-existência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Marino, Marilia Josefina lattes
Orientador(a): Szymanski, Heloisa lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Clínica
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/40726
Resumo: O Psicodrama, como é conhecida a obra de Jacob Levy Moreno ( 1889-1974), acena para que psykhé se faça palco e assim re-encontre “sopro de vida”, como espontaneidade-criatividade, na relação com o mundo das coisas, do outro, de si mesmo, do conhecimento. Mostra-nos que estamos sempre desempenhando papéis; estes abrem regiões- territórios existenciais- onde aparecemos em nossos modos de ser como atores, autores, espectadores. No convite para habitá-los, a apropriação da herança Moreniana enquanto abordagem teórico-metodológica, abre então um caminho para a singularização em co-existência: ser-no-mundo em nossas possibilidades mais próprias, inclusive na relação com os fenômenos para onde seus conceitos e modalidades de ação apontam. Nosso papel de investigadora, neste trabalho, emerge do lugar de quem realiza com um coletivo, uma Proposta de Formação em Psicodrama, possibilitado pelo convênio realizado entre a Sociedade de Psicodrama de São Paulo (SOPSP) e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), instalada em 1996. O curso constitui-se numa experiência pioneira como pós-graduação lato sensu — especialização, dirigindo-se a profissionais das áreas da Educação (empresa, escola, comunidade) e da Saúde (clínica, instituições). Como campo fenomênico, factual, debruçamo-nos sobre a experiência dos profissionais- alunos da primeira turma, indagando sobre sua trajetória. Colocamo-nos a questão: O que acontece com o ator social como ser-no-mundo, em seu vir a ser psicodramatista. Como o profissional-aluno, ator social, compreende sua trajetória? O que diz à sua existência? Colocar desse modo a questão, implica em nos perguntarmos sobre o Psicodrama como produção de "subjetividade", como caminho de singularização num aprender a habitar modos de ser e sobre este projeto de Educação e seu sentido, colocando-nos a nós proprios em questão, como possibilitadores desta travessia. Num retorno às origens existenciais da abordagem Moreniana, trabalhamos no horizonte da fenomenologia existencial hermenêutica, tendo Martin Heidegger (1889-1977) como companheiro de pensamento, permitindo-nos redescobrir espontaneidade-criatividade como modo de ser: abertura ao que surge (physis) a um reunir-recolher (logus) e ao des- velamento (alethéia), num dizer que busca trazer o "coração" para a tomada de medida. Aí o "real" se põe como fenômeno - o que aparece e se mostra e não na cisão sujeito-objeto. A aproximação entre Moreno, médico-educador-psicoterapêuta, homem voltado para a ação, para o cuidado ôntico e Heidegger, pensador do ser e da finitude torna-se fértil, enquanto dos lugares diferentes em que constroem suas obras, falam juntos de um re-começo para nossa civilização: a construção da habitação humana como poiésis — genuína ação de fazer. Após o Prólogo: "Abrindo as cortinas", caminhamos em Atos e cenas. No primeiro Ato: "Do Projeto Educacional - Formação em Psicodrama - ao Projeto de Investigação", realiza-se a experiência de se pensar como ator social, como ator psicodramático e como ator existencial no palco do mundo, onde palco e mundo falam juntos de ser. Uma caminhada na direção de um aprender a habitar — um abrir-se. Possibilidade de retomar espontaneidade criatividade, como fundamento da proposta Moreniana em que se pauta o Projeto do Curso de Formação em Psicodrama em questão, num retorno à condição humana como ser-no-mundo. Apresentamos a questão norteadora e o caminhar no círculo hermenêutico compreensivo interpertativo em que o Psicodrama se põe como proposta de ação em co-criação na atuação profissional e na pesquisa. No segundo Ato: "O Ator social como psicodramatista se traz como Autor", são apresentados e trabalhados os "dados de campo" em cada uma das cenas: o projeto de vir a ser psicodramatista conforme as cartas de intenções dos candidatos ao curso; a trajetória de cada um e do grupo num Ato Sócio-psicodramático e o encontro com duas profissionais-alunas na forma de entrevista onde emergem ações dramáticas. No terceiro Ato: "Vir a ser psicodramatista como caminho de singularização em coexistência", resgata-se a caminhada a partir do clareamento possibilitado pela questão norteadora acerca da região do saber denominada Psicodrama, que pretendemos reaproximada ás suas bases existenciais e sua concretização num projeto Educacional de Formação, como possibilitador de espontaneidade-criatividade, um poder aprender, um abrir-se para habitar o palco social, o palco psicodramático, o palco existencial. Finalmente em "As Cortinas caem provisoriamente", retomamos nossa experiência como investigadora e apontamos novas perspectivas de pesquisa