[pt] DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO BRASIL: PREFERÊNCIAS, CONCORRÊNCIA E PROFECIAS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: GUILHERME ISSAMU HIRATA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=25510&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=25510&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.25510
Resumo: [pt] Esta tese é composta por três artigos empíricos sobre discriminação racial no Brasil. O primeiro testa duas implicações do modelo de discriminação por preferência (BECKER, 1957), utilizando dados do Censo 2010 e da pesquisa Ações Discriminatórias no Âmbito Escolar (2008). Analisando o diferencial de salários entre brancos e negros no mercado de trabalho brasileiro, os resultados corroboram as previsões do modelo, indicando que i) o que determina o hiato salarial entre uma maioria e uma minoria não é a discriminação média na população, mas o grau de discriminação do empregador marginal, isto é, o empregador que mais discrimina entre os que contratam indivíduos da minoria; e ii) dada a distribuição das preferências por discriminação, quanto maior a proporção da minoria relativamente à maioria, maior tende a ser o hiato salarial. O segundo artigo utiliza a abertura comercial ocorrida no Brasil no início dos anos 1990 para analisar o efeito de um aumento da concorrência sobre a discriminação. De acordo com Becker (1957), um aumento da concorrência no mercado de produto deve diminuir o hiato salarial entre maioria e minoria no mercado de trabalho porque reduz as oportunidades de obtenção de renda econômica pura por parte dos empregadores. Utilizando os dados dos Censos 1991 e 2000, os resultados indicam que houve maior queda do hiato salarial entre brancos e negros nas microrregiões associadas a maiores reduções nas tarifas de importação, isto é, em mercados onde houve maior aumento da concorrência devido à abertura. Além disso, há evidências de que lugares com maior porcentagem de negros, maior propensão à discriminação e com maior porcentagem de trabalhadores empregados em indústrias concentradas tendem a experimentar maiores reduções no hiato, conforme previsto pela teoria. O terceiro artigo investiga a possibilidade de haver antecipação da discriminação por parte dos negros, em um mecanismo denominado profecia autorrealizável . Dada a crença dos empregadores de que a minoria é menos qualificada em média, o fenômeno ocorre quando indivíduos da minoria decidem investir menos em capital humano ao anteciparem que não terão as mesmas oportunidades e/ou salários que indivíduos da maioria no mercado de trabalho. Se este menor investimento realmente ocorrer, a crença dos empregadores é confirmada. Usando dados do Saeb 2011 e Censo 2010, testa-se a hipótese de que, em lugares com maior diferencial de salários, há menor investimento em educação por parte dos negros relativamente aos brancos. De acordo com os resultados, há poucas evidências deste fenômeno no Brasil.