[pt] A DISPOSIÇÃO DO(S) TEMPO(S): MELANCOLIA E OS LIMITES DO PENSAMENTO TEMPORAL EM POLÍTICA INTERNACIONAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: PAULO HENRIQUE DE OLIVEIRA CHAMON
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.36301
Resumo: [pt] Desde o final do século XX, o tempo - enquanto conceito, objeto, tema, ou categoria do entendimento e da experiência - tem sido crescentemente mobilizado como instrumento crítico nas ciências sociais e nas humanidades. De diferentes formas, viemos a ser interpelados a levar o tempo a sério, na busca por lançar luz sobre pressupostos não reconhecidos, esclarecer debates conceituais, aprimorar investigações empíricas, e buscar melhores análises, ações e disposições sociais e políticas. Em particular, os debates sobre política internacional responderam a tal interpelação refletindo sobre os limites e as possibilidades advindas de seus pressupostos temporais, muitas vezes mantidos implícitos. Nesta tese, proponho que, embora não haja como negar estas afirmações nem o importante trabalho delas decorrente, há também boas razões para considerá-las sob uma outra perspectiva. Nesse sentido, abordo essa literatura não tanto em termos da legitimidade das posições articuladas por meio dela, mas em termos das suas condições de existência e dos efeitos decorrentes destas. Mais especificamente, proponho lermos tal proliferação do tempo em termos de uma formação discursiva, isto é, de um conjunto de regularidades que organizam e distribuem o tempo em campos de conhecimento, poder e afetos por meio dos quais podemos a governar a nós mesmos e aos outros. Para tanto, parto de uma leitura de discurso que reúne a ênfase inicial de Foucault em campos de dispersão com uma interpretação de formações discursivas como circuitos de afetos pelos quais elas não apenas são investidas de libido, mas também efetivamente libidinais. Eu então desenvolvo dois argumentos. Em primeiro lugar, trabalhando com debates sobre tempo e política internacional, descrevo os campos de conceitos, objetos, sujeitos e estratégias a partir dos quais tais debates ocorrem. Ao fazê-lo, argumento que eles tendem a reproduzir dualismos como fixidez e fluidez, temporâneo e disjunção, unidade e multiplicidade, necessidade e contingência, assim como metáforas de escalas e inversões que muitas vezes recuperam as próprias concepções de política moderna e subjetividade que buscam contrariar ao levar o tempo a sério. Entretanto, ao invés de interpretar tal ambivalência como um problema, proponho entendê-la em termos da efetividade produtiva do discurso do tempo. Em segundo lugar, caminhando para uma compreensão da melancolia como um modo de articulação de relações discursivas por meio de perda, identificação, reflexividade e prazer, proponho que podemos nomear o discurso do tempo como melancólico. Ao fazê-lo, argumento que tal discurso é não apenas embebido de poderosos efeitos de atração, mas também dá forma particular à melancolia nos nossos dias. Diante dos melancólicos circuitos de poder e conhecimento que são o discurso do tempo, concluo propondo que a proliferação do tempo desde o final do século XX pode nos dizer algo sobre os modos de governo mobilizados na política mundial pelo menos, se não além dela.