[pt] ENGAJAMENTO NARRATIVO E MITIGAÇÃO DA CULPA EM INTERROGATÓRIOS POLICIAIS DE UMA DELEGACIA DA MULHER

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: DEBORA MARQUES
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=25327&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=25327&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.25327
Resumo: [pt] Nesta tese, analisamos a mitigação da culpa coconstruída, discursiva e interacionalmente, por inspetores de polícia, suspeitos e vítimas em interrogatórios policiais de uma Delegacia da Mulher. Para isso, ancoramo-nos na Análise de Narrativa e nos pressupostos da Linguística Aplicada contemporânea, de perspectiva construcionista da pesquisa qualitativa. Em nossas análises, olhamos, mais focalmente, para as performances narrativo-identitárias que emergem no trabalho interacional de tentativa de mitigação da culpa frente aos crimes em análise nos interrogatórios. Nesse cenário, mostramos como o engajamento narrativo assume um papel essencial e constitutivo nesse tipo de interação institucional-legal. Analiticamente, lançamos mão de elementos do modelo narrativo laboviano – destacando dele a avaliação (sobretudo o discurso reportado) e a ação complicadora. Esse modelo mostra-se como uma ferramenta producente para entender como as histórias são coconstruídas por suspeitos e por vítimas e como elas configuram-se como um meio discursivo-interacional para tentar mitigar agência e responsabilidade a fim de buscar mitigar a culpa: suspeitos buscam distanciar-se, interacional e discursivamente, da confissão do crime em investigação na Delegacia, vitimizando-se ao responsabilizarem suas esposas/vítimas pela agressão e vítimas, por sua vez, buscam distanciar-se dessa responsabilidade atribuída a elas nas histórias que seus companheiros/suspeitos contam. Nessa mesma perspectiva, nossas análises mostram como o engajamento narrativo dos participantes ocorre como accounts (explicação), já que suspeitos e vítimas usam, interacionalmente, as histórias que contam como uma forma para tentar justificar e prestar contas de suas ações (essas histórias são chamadas, nesta tese, de narrativas-accounts). Dessa forma, mostramos que é contando histórias, avaliando ações e personagens sob sua própria ótica, que narradores – suspeitos e vítimas – constroem confissões e depoimentos, que são tomados como fatos no ambiente jurídico. Ainda, relacionamos construções identitárias, o trabalho confessional e o tipo de atividade em curso, posto que a culpa e a responsabilidade perante crimes são coconstruídas na interação negociada entre os participantes. Face ao exposto, destacamos que entender melhor como a agência e a responsabilidade são mitigadas, discursivamente, pode contribuir para a atuação dos agentes da lei, sobretudo, daqueles que participam de contextos investigativos.