[pt] A DANÇA DOS ORIXÁS E O CANTO DOS SANTOS: DESAFIOS TEOLÓGICO-PASTORAIS DAS RELIGIÕES NEGRAS DO RECIFE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: GILBRAZ DE SOUZA ARAGAO
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=4953&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=4953&idi=3
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.4953
Resumo: [pt] O estudo discorre sobre a situação social e o ethos cultural, em especial do povo negro, na Região Metropolitana do Recife. Apresenta sua configuração histórico-cultural, sua situação social e étnica e a afirmação afro negra nesse contexto afirmação, subsidiando uma compreensão das religões afro (negro)- recifienses e refletindo acerca das questões da causa negra para a pastoral popular. Busca compreender a dança dos orixás no xangú, a melodia dos antepassados na umbanda e no catimbó, e procura ver como os terreiros recifenses, a partir das necessidades e possibilidades dos seus adeptos, têm sincretizado essas tradições de matrizes nagô e bantu entre si e com o catolicismo socialmente predominante. Desenvolve-se então uma pedagogia da inculturação da fé para a pastoral afro (negro) recifense e o diáogo inter-religioso que ela implica. Confrontando as vis�es de sagrado que emergem da cosmogonia afro-brasileira e da protologia cristã, sob a forma de primeiro exercício teológico de aproximação entre esses mundos culturais e religiosos no Recife, procura-se demonstrar que a perspectiva da Criação, relida pela nova epistemologia transdisciplinar, constitui um fundamento seguro e um caminho produtivo para o alargamento do processo de diálogo inter- religioso e de inculturação da experiência d`Aquele que não encontrou tamanha fé em Israel. Utiliza-se, pois, a lógica da complexidade de Basarab Nicolescu para se retomar a teologia da Revelação e, em especial, da Criação de Torres Queiruga e então expandi-la sob impulso desse novo modelo de conhecimento transdisciplinar. Ele pode interpretar e atualizar mais adequadamente aquela dimensão (fundante ou cósmica) da Revelação para o nosso contexto de pluralismo cultural e diálogo religioso, porque permite lidar com a contradição aparente da pluralidade de absolutos, porque nele considera-se a complexidade da realidade e da verdade, exorcizando o princípio soberano da identidade vitoriosa sobre a diferença, acolhendo o paradoxo para além do princípio de não-contradição e, sobretudo, servindo o outro: enquanto revelador grito do oprimido que inspira a criatividade amorosa, este deve ser o princípio originante da fé - e da razão. é o terceiro que, incluído, pode permitir uma sinfonia dos dois mundos, como sonhava Dom Hélder, para além da exclusão e da violência. Essa compreensão do sagrado é que pode reunir cristãos e xangozeiros, pode permitir a redescoberta da identidade cristã na relação com expressões distintas dentro da riqueza multiforme da verdade transcendente (o Deus criador é anterior e exterior a nós todos e a todas as nossas expressões religiosas). Assim, percebe-se que a verdade cristã, experimentada por nós como única e universal, é uma contribuição absolutamente importante que não anula a experiência também absolutamente importante que outras formas de fé religiosa testemunham. Aprende-se então lidar com o paradoxo da pluralidade de absolutos, de unicidades e de universalidades.