[pt] ARTES DA ATENÇÃO E DO CUIDADO: EXPERIMENTOS DE TRADUÇÃO INTERESPÉCIES NO SANTUÁRIO ANIMAL VALE DA RAINHA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: MONICA PRINZAC
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=62712&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=62712&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.62712
Resumo: [pt] Esta pesquisa aposta nas relações de aliança e contaminação interespécies (humano-animal) como forma de sobreviver criativamente neste mundo em crise. Diante da urgência de encontrar outras formas de viver a vida e habitar a Terra, o objeto escolhido para a pesquisa é o tecido social, poético e sensorial do Santuário animal Vale da Rainha, refúgio dedicado ao resgate e acolhimento de animais de produção vítimas de maus-tratos e descartes. Por atenção às práticas em curso no Santuário, busca-se multiplicar versões para as histórias dos animais que ali se encontram, sob a hipótese de que as histórias normalmente contadas a seu respeito são desatentas às suas formas criativas de ser. Parte-se do conceito de version da filósofa e psicóloga belga Vinciane Despret, explorando-se em especial, nas práticas que ele recobre, exercícios de tradução experimental interespécie. Sob o ponto de vista implicado no conceito de version, a tradução é entendida como forma de produzir sentidos a partir de diferenças nascidas no encontro entre humano-animal, opondo-se assim às práticas tradutórias que operam sob a lógica da sinonímia intermundos e que tendem, muitas vezes, à igualação do não igual segundo parâmetros antropocêntricos. A pesquisa pergunta: como as traduções interespécies conduzidas como versions podem transverter histórias frigorificadas (animais de corte) em histórias vivas e abertas (espécies companheiras)? Como através dessas traduções é possível reviver relações emaranhadas – e nada óbvias – antes apagadas, silenciadas, dessensibilizadas? Como essas histórias podem criar, nos termos de Donna Haraway, response-ability, isto é, tornar-nos mais hábeis para responder de modo responsável e inventivo às vidas não humanas que nos cercam? Ao lado das proposições de Vinciane Despret, têm importância especial aqui os conceitos de espécies companheiras e fabulação especulativa, de Donna Haraway. O trabalho se origina dos encontros com os animais do santuário, três em especial: a vaca Gaia, a búfala Chacrona e o bezerro Nandi. A escrita da tese busca materializar em sua própria trama o trânsito não hierárquico entre saberes preconizado por Despret e por Haraway - saberes práticos, científicos, filosóficos, poéticos. Nos experimentos de tradução interespécies propostos, mostra-se como uma ecologia da atenção e do cuidado subverte a lógica binária dos discursos apocalípticos e salvacionistas – e se revela em um ativismo sensível.