[pt] HISTÓRIA É O QUE MAIS TEM: NARRATIVAS E A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DAS IDENTIDADES DE OBESIDADE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CLAUDIA ALMADA GAVINA DA CRUZ
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=26098&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=26098&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.26098
Resumo: [pt] A presente tese tem por objetivo investigar a emergência das identidades de obesidade em histórias contadas por grandes obesos que frequentam uma ONG no Rio de Janeiro para atendimento a pessoas nessa condição. Trata-se de um trabalho de inspiração etnográfica orientado pelo paradigma interpretativista de pesquisa, cujos dados foram gerados em entrevistas individuais e em grupo com pacientes da referida instituição no ano de 2013. Dentro de uma perspectiva de estudos na qual a linguagem é compreendida como co-construída, situada e constitutiva da vida social, esse estudo pretende se afastar de uma visão essencialista sobre o tema das identidades que é aqui enfocado como oriundo de interações discursivas nas quais se dão as negociações de sentido sobre quem somos/pretendemos ser. Nesse movimento de negociação, as pessoas parecem estar continuamente envolvidas em contar histórias, o que aponta para a relevância do estudo das narrativas cotidianas como oportunidade privilegiada para a compreensão da ordem social. Ao participar de uma história, os interagentes localizam-se, simultaneamente, em relação uns aos outros e a uma ordem macrodiscursiva, onde diferentes discursos a respeito do corpo estão em circulação. Conforme observado nas histórias aqui analisadas, a não adequação a um padrão corpóreo tido como ideal costuma resultar na exclusão social dos sujeitos que nele não se enquadram, o que se dá em diferentes situações cotidianas: uso de transportes públicos, relações afetivas, relações de consumo, entre outras. Entretanto, visto que as interações discursivas representam ocasiões onde os significados estão em disputa, esse estudo ressalta a importância da microinteração como espaço para a contestação de sentidos cristalizados no senso comum sobre o que significa ser obeso. Portanto, está aqui destacado o modo como os interagentes negociam suas identidades de obesidade para além do estigma. Além de contribuir para as teorizações na área do discurso, ao debater as construções identitárias via narrativas, essa investigação aponta para questões aplicadas ao tematizar as dificuldades enfrentadas por grandes obesos e sua tentativa de superá-las. Assim, essa tese pretende ser um convite a um debate multidisciplinar sobre a obesidade, ao apontar para a urgência na adoção de políticas públicas com vistas à inclusão de pessoas que precisam ter sua existência social reconhecida.