A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NO ENSINO FUNDAMENTAL: Horizontes para uma cidadania no Estado neoliberal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Pereira, Marcelo Pontes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Formação de Professores e Humanidade::Curso de Pedagogia
Brasil
PUC Goiás
Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4006
Resumo: A ideologia neoliberal esforça-se por fabricar uma educação em que os modos de pensar contemporâneos sejam coerentes com o modo de produção capitalista. A cidadania que deriva desta lógica encontra fundamentos nas leis enunciadas por Thomas Hobbes e no pensamento de John Locke. O homem hobbesiano é motivado por suas paixões e desejos egoístas, movido por seu individualismo possessivo. Este homem, lobo de outro homem, cujas ações não tem fins sociais, e que vive em permanente estado de guerra contra todos, encontra alguma correspondência com o condutor de veículos dos aglomerados urbanos do século XXI? O Estado moderniza seu poder panóptico por meio de novas tecnologias, com o intuito de permanecer onisciente e onipresente, e manter os indivíduos em permanente vigilância. Da teoria lockeana deriva o pensamento liberal que impõe urgências e necessidades artificiais de consumo ao motorista. Se a motivação extrínseca da sociedade é a satisfação imediata de um consumo privado do espaço público, prejudicam-se os pactos de convivência coletiva e as recomendações de segurança. Com objetivo de aprofundar estudos teóricos que visem justificar a importância de serem inseridos conteúdos de Educação para o Trânsito no Ensino Fundamental, com vistas à formação da criança para ser cidadão responsável na sociedade, nos papéis de pedestre, condutor e passageiro, levanta-se o problema: quais os limites e as possibilidades para a inserção da Educação para o Trânsito como conteúdo curricular nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como abertura de horizontes para a cidadania no Estado neoliberal? A fundamentação teórica serve-se de referências da teoria crítica com base no materialismo histórico-dialético, mas não escapa indene às contribuições dos discursos pós-modernos. A pesquisa bibliográfica investiga o neoliberalismo enquanto estágio avançado do modo de produção capitalista, explora a correlação entre trânsito e cidadania no contexto do Estado neoliberal, descreve o processo de elaboração do currículo, caracteriza as teorias curriculares tradicionais, críticas e pós-críticas, discute algumas possibilidades de ensino e aprendizagem do tema trânsito como conteúdo curricular nas práticas pedagógicas dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Defende-se a tese de que a sociedade contemporânea, especialmente a parcela proveniente do campo privilegiado da educação, não deve permanecer omissa em relação aos problemas do trânsito. Conclui-se que a negação da realidade relativa à área do trânsito (antítese) é um movimento de superação, de luta constante, de busca por alternativas, dentro do processo dinâmico de evolução, cujos resultados (síntese) podem ser mínimos, imperceptíveis ou imprevistos, mas que alimentam a aposta no ideal de progresso, mesmo que atenuado e devidamente relativizado pelos discursos pós-modernos. Conclui-se também que tanto a concepção individualista do espaço público quanto as condições para a transposição de uma "cultura da masculinidade guerreira" para uma "cultura do trânsito seguro" podem constituir possibilidades de ensino e aprendizagem do tema trânsito como conteúdo curricular no Ensino Fundamental.