Discursividade intencional feminina em Vozes do deserto, de Nélida Piñon
Ano de defesa: | 2012 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Ciências Humanas BR PUC Goiás Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://localhost:8080/tede/handle/tede/3189 |
Resumo: | Esta pesquisa tem objetivo estudar o caráter dialógico e intertextual que se estabelece entre a obra ancestral As Mil e uma Noites e o romance Vozes do Deserto, de Nélida Piñon, verificando que as obras literárias podem realizar uma aglutinação intertextual, de múltiplas ressonâncias dialógicas, que passam a exigir uma atenção especial do leitor. Quando o discurso do romance se encontra com o discurso de outro, como é o caso do romance em exame, isso demanda um processo de recepção aprimorado, para que o leitor dê conta tanto de separar quanto de aglutinar os dois contextos instauradores da arte que ele está apreciando. É possível confrontar textos de épocas distantes porque o fenômeno da dialogicidade se manifesta em vários níveis do discurso literário e, no romance, ela se expressa na própria concepção de seu aspecto compositivo, de tal forma que a orientação dialógica passa motivar o discurso por dentro, tornando-se um dos aspectos estruturadores do texto. Faz-se, ainda, uma abordagem do discurso intencional feminino, emitido por Scherezade, a personagem que renega o processo de silenciamento e exclusão a que foi submetida à mulher, ao longo dos séculos. Essa personagem é notável, nas duas obras, ela salva a sociedade da gana delituosa do Califa, que deseja matar todas as mulheres, na ânsia de vingar-se da esposa traidora. Scherezade tem consciência de seu papel na construção da memória do povo árabe, da qual é portadora, por isso subverte-a, em favor da condição feminina, tornando seu feito algo memorável, subversivo e permanente. Decorre dessa circunstância, que o discurso de uma narrativa não é inocente nem puro, mas participa das elaborações culturais e tem natureza ideológica. Nesse sentido, Vozes do Deserto é uma obra esclarecedora desses aspectos espúrios que permeiam a vida social, trazendo grandes consequências para um número significativo de pessoas que integram a sociedade, e que podem sofrer restrições étnicas, econômicas e sexuais. Todos esses fatores são expressos por um conjunto de sugestivas imagens poéticas, que emergem, na obra, vindas do imaginário de seus autores, para se dirigirem à fantasia dos leitores, lugar em que se manifesta o poder criativo da arte. |