O trabalho no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) : uma leitura mediada pela psicodinâmica do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Carolina Martins dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Ciências Sociais e da Saúde
Brasil
PUC Goiás
Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4917
Resumo: O objetivo desta tese foi analisar o trabalho no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), em um município localizado na Região Centro-Oeste do Brasil, analisando a organização do trabalho e a mobilização subjetiva de seus trabalhadores para executar o trabalho. O CREAS, unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional, tem como papel constituir-se em lócus de referência nos territórios, da oferta de trabalho social especializado a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social por violação de direitos. Dada a especificidade das atividades desenvolvidas, os serviços por ele ofertados são ininterruptos, apesar da alternância na gestão e da interferência política. Trata-se de um estudo de caso que teve caráter descritivo e exploratório e foi embasado na abordagem Psicodinâmica do Trabalho, que busca compreender a mobilização subjetiva dos trabalhadores em relação ao seu trabalho. Foram realizadas etapas para o desenvolvimento do estudo: no intuito de identificar a demanda na etapa da pré-pesquisa realizou-se análise documental e entrevistas individuais. Na etapa da pesquisa propriamente dita foram realizadas seis sessões de discussão coletiva com um grupo composto por nove trabalhadores, com idade entre 18 e 55 anos. Os dados possibilitaram analisar a forma como o trabalho no CREAS se configura no município estudado e como mobiliza a saúde dos trabalhadores. Os resultados apontaram para condições de trabalho que se caracterizam por: sobrecarga cognitiva e psíquica, ritmo intenso de longas jornadas e precárias condições de trabalho, o que coloca em risco a integridade do trabalhador, apresentando-se como fonte de sofrimento no trabalho. A exposição a situações de riscos psicossociais e vulnerabilidade gera insegurança, sofrimento mental, sentimentos de angústia, impotência e exigência por mais qualificação da força de trabalho. Os fatores levantados impactam na atuação dos trabalhadores, acarretando a intensificação de problemas decorrentes das más condições de trabalho, de saúde e de vida. As relações socioprofissionais também contribuem para as vivências subjetivas e os dados indicam que quanto mais disfuncionais forem as relações socioprofissionais de trabalho no CREAS, maior será o custo humano do trabalho despendido para lidar com os aspectos conflituosos das interações estabelecidas e, consequentemente, maiores os riscos de predomínio de vivências de sofrimento dos trabalhadores. Ressalta-se a importância do sentido positivo do trabalho para os participantes e as estratégias para enfrentar o sofrimento que, apesar das dificuldades encontradas, os trabalhadores continuam trabalhando no CREAS. Conclui-se que a organização do trabalho estudada não contribui para a emergência do processo criativo do trabalhador diante dos vieses das políticas que implementam precárias condições de trabalho. A constituição desse espaço de discussão coletiva favoreceu as vivências de prazer e possibilitou a ressignificação do sentido do trabalho para os trabalhadores participantes, que desenvolveram maior emancipação no trabalho, conforme proposta da metodologia. Os trabalhadores puderam repensar nas estratégias individuais utilizadas e a construção de estratégias coletivas. A psicodinâmica do trabalho apresentou resultados positivos para os trabalhadores da Assistência Social, apontando a clínica do trabalho como um espaço de discussão capaz de promover o desenvolvimento de estratégias coletivas, favorecendo ajustes na organização do trabalho e, consequentemente, melhores condições de trabalho, e promovendo confiança, cooperação e saúde dos trabalhadores