As vivências dos empreendedores de startups em uma incubadora da região Centro-Oeste do Brasil: uma leitura psicodinâmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Jardim, Maria Paula de Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Ciências Sociais e da Saúde
Brasil
PUC Goiás
Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/5169
Resumo: O empreendedorismo em startups apresenta-se em um cenário ainda pouco explorado pela investigação científica no Brasil. Esse estudo tem como objetivo geral analisar as vivências dos empreendedores em relação ao trabalho nas startups em uma incubadora localizada na Região Centro-Oeste do Brasil, tendo como base a psicodinâmica do trabalho. Trata-se de um estudo de caso de caráter descritivo exploratório envolvendo oito empreendedores de seis startups em uma incubadora. A coleta de dados foi realizada através de análise documental, entrevistas individuais e um encontro para discussão coletiva do trabalho. Os dados foram analisados utilizando-se análise clínica do trabalho. Os resultados foram apresentados em formato de três artigos. O Artigo 1 intitulado "Startups, empreendedorismo ou condição de empregabilidade?" fez uma contextualização da temática das startups sob dois aspectos: o primeiro, uma análise da situação do emprego, do trabalho decente e da precarização do trabalho na contemporaneidade, tendo como base as diretrizes e dados estatísticos das agências especializadas: ILO e WHO; o segundo aspecto foi apresentar uma revisão e análise conceitual e contextual do empreendedorismo em startups e sua ambiência, realizada a partir do banco de dados Periódicos CAPES/MEC e artigos da Harvard Business Review. Os resultados indicam que o contexto socioeconômico atual engendra um sujeito em uma busca pela sobrevivência e no enfrentamento do déficit do trabalho decente, potencializando escolhas por um empreendedorismo por necessidade. O Artigo 2 foi intitulado "Startups, uma organização do trabalho que está "por vir", a inventividade frente à carência de processos". Fez-se uma análise da organização do trabalho, um dos elementos centrais para a psicodinâmica do trabalho, trazendo a indicação de que as múltiplas funcionalidades que são exigidas do empreendedor ao confrontar-se com a construção de uma organização do trabalho que está por vir faz com que o sujeito sofra com pressões (auto)impostas, culpabilizando-se por falhas no processo de estruturação das startups. As formas de organização do trabalho baseadas na individualização atingem o seu momentum máximo no empreendedorismo em startups. As relações de trabalho são restritas aos sócios, familiares e clientes, sendo referenciadas por um ambiente competitivo e instável. Esse conjunto de situações inscreve os empreendedores em um quadro de incertezas e insegurança que podem levá-los ao isolamento e à depressão. Por fim, o Artigo 3, intitulado "A mobilização subjetiva dos empreendedores de startups", analisou a mobilização subjetiva dos empreendedores, indicando que a formação técnica se torna base para que o empreendedor mobilize sua inteligência inventiva experimentando com autonomia e liberdade a condução de uma proposta inovadora a partir de valores vinculados ao bem comum e compromisso social. As vivências de sofrimento relacionam-se à sobrecarga e pressões do trabalho percebidas nas exigências por multifuncionalidade. O sofrimento é vivenciado no adiamento do reconhecimento na construção da organização do trabalho que está por vir. A racionalização e a negação apresentam-se como as estratégias de enfrentamento individuais que o sujeito lança mão para seguir no trabalho de consolidação de um negócio que venha a sustentá-lo. A servidão voluntária sustenta uma ideologia de defesa do contexto neoliberal que absorve a coletividade