Saúde mental e trabalho: um estudo fenomenológico com psicólogos organizacionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Gibert, Maria Agnes Pérez
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16448
Resumo: Este estudo teve como objetivo compreender a experiência de psicólogos em relação à saúde mental do trabalhador no contexto de organizações. Constituiu-se como uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório. Foram realizadas entrevistas dialógicas com quatro psicólogos organizacionais, a partir de uma questão que estimulou os participantes a compartilharem suas vivências a respeito do tema. Os depoimentos, gravados e transcritos, foram analisados, fenomenologicamente, de acordo com os passos propostos por Amedeo Giorgi. Uma síntese geral foi elaborada a partir da compreensão psicológica sobre os elementos do vivido, compartilhados com a pesquisadora. Concluiu-se que a questão da saúde mental do trabalhador desafia os psicólogos, pois embora constatem a presença de sofrimento no ambiente de trabalho, sentem dificuldade em exercer uma prática psicológica compatível. Destaca-se o conflito vivenciado pelo psicólogo inserido no contexto organizacional entre um fazer psicológico, pautado numa escuta diferenciada que visa acolher e compreender o trabalhador, e uma prática profissional que objetiva aplicar conhecimentos teóricos para ajustar comportamentos, mediante as atribuições de recrutar, selecionar e treinar, atendendo, principalmente, as metas da organização. Há, portanto, uma dicotomia caracterizada pelo exercício de tarefas pré-determinadas pela organização em detrimento de uma prática psicológica fundada na atenção psicológica ao trabalhador. Este estudo desvelou a Psicologia fragmentada nos diversos papéis ocupados pelo psicólogo em diferentes contextos de trabalho. Uma compreensão social dicotomizada em relação aos saberes e fazeres da Psicologia corrobora o pensamento de outros pesquisadores que sugerem a necessidade de uma interlocução entre as diversas áreas da Psicologia e de uma reflexão competente sobre limites e possibilidades de uma atenção psicológica clínica social. A clínica contextualizada nas instituições permite ao psicólogo acolher o outro no seu sofrimento subjetivo (privado), mas em uma dimensão social (espaço público). Esta dimensão permite ao homem um certo deslocamento, uma fluidez que o impede de ser aprisionado em sua própria existência, pois, ao sentir-se privado de ver e ouvir os outros, priva-se de ser visto e ouvido e acaba isolado, excluído do mundo comum.