A experiência vivida por pessoas diagnosticadas como autistas, a partir de encontros dialógicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fadda, Gisella Mouta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15743
Resumo: Atualmente, o comprometimento nas áreas de interação e comunicação social associado a comportamentos repetitivos e estereotipados constituem os dois elementos fundamentais na categorização diagnóstica do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Esse tipo de transtorno afeta a percepção sobre si, sobre os outros e sobre o mundo circundante, gerando desafios e sofrimento às pessoas autistas, mas também a possibilidade de superação das dificuldades por meio de relações intersubjetivas significativas. Embora o autismo seja, até o momento, considerado como uma condição vitalícia, a fase adulta permanece como um território pouco conhecido. Assim, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa que visou compreender fenomenologicamente a experiência vivida por adultos diagnosticados como autistas a fim de desvelar seus modos próprios de ser e se relacionar. Foram realizados encontros dialógicos com quatro pessoas adultas – homens e mulheres, sendo três brasileiros e um italiano –, cujos diagnósticos os situava em níveis diferentes no espectro. Após o término de cada encontro individual, a pesquisadora redigiu uma narrativa compreensiva contendo elementos significativos das vivências do participante a partir de suas próprias impressões ao estar com ele. Posteriormente, com base nas quatro narrativas individuais, foi construída uma narrativa-síntese na qual foram descritos os elementos estruturais que compõem o fenômeno estudado. A análise fenomenológica, que se inspirou nas proposições de Edmund Husserl, Edith Stein e Angela Ales Bello, revelou que, para as pessoas autistas: a) a abertura e encontro com o outro possibilitam a confirmação de si mesmas; b) que as materialidades permitem dar sustentação e sentido à própria existência; c) que as regras e os padrões os orientam em relação ao mundo objetivo; d) que o mundo intersubjetivo precisa ser traduzido para fazer sentido; e) que a sinceridade aparece como a única forma possível para falarem de si; f) que o passado é presente, o presente é vivo e o futuro não existe; e g) que o corpo é vivido de modo extenuante. Contribuíram para uma compreensão psicológica do fenômeno estudado a psicologia humanista e a psicopatologia fenomenológica, possibilitando a emergência de novos sentidos e reflexões acerca de uma atenção psicológica clínica eticamente condizente com a singularidade da experiência subjetiva das pessoas autistas.