A transição da educação infantil para o ensino fundamental durante a pandemia da Covid-19: implicações emocionais e pedagógicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Araujo, Marcela Aparecida Moreira
Orientador(a): Rocha, Maria Silvia Pinto de Moura Librandi da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17254
Resumo: Realizada no Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, na Linha de Pesquisa “Formação e Trabalho Docente”, no Grupo de Pesquisa “Formação de Professores e Práticas Pedagógicas”, esta tese teve como principal objetivo examinar de que modo a relação afeto-cognição foi levada em consideração durante a transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) vivenciada por crianças durante o período da pandemia da Covid-19. Para atingir esse objetivo foi realizada pesquisa empírica que contou com a participação de 32 crianças matriculadas no primeiro ano do EF em 2021 em uma escola pública municipal, seus familiares e a professora. Através da observação atenta e da participação ativa da pesquisadora na sala de aula, utilizando-se do jogo “Caminho para a Escola” e da realização de uma atividade denominada como “Caixa dos Sentimentos”, além de entrevistas semiestruturadas com os familiares e a professora, foi possível explorar as experiências vividas em 2020, ano em que as crianças ainda estavam na EI, assim como o processo de transição de maneira remota para a EF, o início gradativo das aulas presenciais e o retorno obrigatório à escola no final de 2021. Denominamos esses passos de múltiplas transições. As análises foram fundamentadas na teoria histórico-cultural, tendo como principais direcionadores os estudos de Vigotski e Leontiev sobre a periodização do desenvolvimento infantil, as funções psíquicas superiores e a unidade afeto-cognição. O estudo permitiu-nos identificar, em primeiro lugar, que para as crianças as amizades e as brincadeiras são os principais motivadores para a vida escolar e aquilo de que elas mais sentiram falta durante o período em que foram privadas de frequentar a escola. Em segundo lugar, que o período de transição é um momento muito importante na vida das crianças, repleto de intensos sentimentos, entre os quais se destacam o entusiasmo, a alegria, a ansiedade, a insegurança e o medo. Por outro lado, as entrevistas com os familiares e com a professora revelaram a pouca valorização das atividades propostas pela EI e a pouca atenção dedicada ao processo de transição, não tendo sido registradas ações especiais de cuidado e criação de condições para que as crianças elaborassem seus sentimentos neste processo. A pandemia contribuiu para que pudéssemos enxergar de forma mais intensa e clara um problema antigo que é a pouca valorização do cuidado com as relações afetivas, entre elas, a questão das amizades no ambiente escolar. Destaca-se a importância de olharmos para essas relações como parte integrante do sistema de desenvolvimento, no qual, na idade escolar, a atividade de estudo ocupa lugar principal, porém não a única. Os resultados obtidos nos levam à defesa da seguinte tese: as amizades no ambiente escolar atravessam as relações que as crianças vão estabelecer com a atividade de estudo e precisam ser tratadas pelas escolas com a devida relevância, através de práticas pedagógicas que priorizem a integração, a escuta e o acolhimento das crianças. Este estudo traz contribuições para o Grupo de Pesquisa Formação e Trabalho Docente no que se refere, em especial, à visão das crianças sobre questões pouco abordadas em outras pesquisas e que envolvem não somente o período de transição da EI para a EF, mas que são fundamentais para compreendermos toda a trajetória de escolarização e a importância de se colocar a relação afeto-cognição no centro do trabalho pedagógico.