Brasis em (con)fusão: a (re)constituição de identidades polarizadas em comunidades discursivas do Twitter no contexto das eleições presidenciais de 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Coriolano, Janaina Ferreira
Orientador(a): Andrade, Eliane Righi de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15178
Resumo: Esse estudo de cunho qualitativo e interdisciplinar surgiu com base na observação da polarização que vem acontecendo em diferentes contextos ao redor do mundo. A polarização pareceu proporcionar o surgimento de discursos antagônicos que se materializaram, principalmente, por meio do ciberespaço. No discurso político, essa questão tem se manifestado há muito tempo, na dicotomia entre aquilo que se define como direita e como esquerda e nas eleições de 2018 ganhou certa força, acarretando na divisão de grupos que apoiavam Jair Bolsonaro (PSL) e aqueles que apoiavam Fernando Haddad (PT). Assim, nosso objetivo é analisar de que forma os modos de subjetivação se constituíram identitariamente por meio dos discursos polarizados veiculados no Twitter, no período do segundo turno das eleições brasileiras de 2018. Também estudamos as representações delineadas em torno dos candidatos Bolsonaro e Haddad, de modo que os eleitores pudessem, ou não, se identificar com eles, bem como a relação que esses grupos estabeleceram com o (O)outro. Para isso, apresentamos a perspectiva metodológica da etnografia digital, uma vez que analisamos as comunidades discursivas presentes no Twitter, espaço no qual nosso objeto de estudo se encontra. O corpus deste trabalho é composto por recortes discursivos (PECHÊUX, 1990) selecionados de postagens (BERNARDO, 2014) circuladas no período de 07 a 27 de outubro de 2018 e coletadas por meio da ferramenta de busca avançada do Twitter. Com base nas regularidades discursivas das postagens, ou seja, aquilo que se repetia, estabelecemos três eixos temáticos de análise. Apresentamos como dispositivo teórico analítico a Análise do Discurso, principalmente referente aos estudos do discurso de linha francesa, de modo a trabalhar com a materialidade da língua e da imagem dos recortes. Nesse sentido, estabelecemos uma análise interpretativa, trazendo à luz possíveis efeitos e produções de sentido presentes nos enunciados propostos. Abordamos um pouco a respeito da formação dos partidos políticos e do contexto histórico no Brasil, de maneira a trazer as condições de produção que permeiam a nossa análise. Nosso aporte teórico é ancorado nas relações de poder e verdade; na constituição dos modos de subjetivação e na relação com o (O)outro, via estudos da psicanálise. Além disso, concebemos e analisamos o ciberespaço como um ecossistema digital, com suas especificidades e o modo como a comunicação se dá nesses espaços, bem como o estabelecimento de estratégias discursivas que podem levar a uma violência e a um estado de “incomunicação”. Também traçamos uma relação do nosso objeto com os estudos acerca da construção identitária, da representação e da (des)identificação, com o intuito de compreender a constituição dos sujeitos no contexto atual que nos cerca. A partir da análise concluiu-se que polarização pareceu ser ainda mais reforçada pelo modo operante do ecossistema digital, em uma relação que levou os grupos dicotomizados a conceberem o (O)outro como um de “fora”, um “estranho” que deveria ser excluído e desmoralizado e a defenderem uma verdade “única” e “absoluta”.