A realidade dos caminhoneiros brasileiros de acordo com a teoria de justificação do sistema

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Ramon Araújo
Orientador(a): Messias, João Carlos Caselli
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15582
Resumo: O modal rodoviário ocupa lugar estratégico no transporte de cargas no Brasil e conta, atualmente, com mais de dois milhões de caminhoneiros. As condições de trabalho desses profissionais são penosas, precárias e desgastantes, mas, apesar disso, eles não conseguem utilizar estratégias coletivas para transformá-las. O objetivo deste trabalho foi compreender os aspectos psicológicos que impedem os transportadores autônomos de cargas de conquistar melhores condições de trabalho. Para o desenvolvimento desta pesquisa, de base fenomenológica, tomou-se como base a Teoria da Justificação do Sistema. Narrativas compreensivas foram utilizadas para apreender, fenomenologicamente, a experiência desses trabalhadores. Foi possível observar que, apesar de insatisfeitos com as condições de trabalho, os participantes empregam mecanismos psicológicos implícitos a fim de lidar com seu sofrimento e justificar tais condições. Tal realidade é explicada pela Teoria da Justificação do Sistema, que pressupõe a existência de um processo psicológico que legitima os arranjos sociais existentes à custa dos interesses individuais e do grupo. Tais legitimações se manifestam de diversas formas, como o fato de justificarem as condições de vida e trabalho como decorrência da origem humilde e da baixa escolaridade; possuírem uma autoimagem negativa; acreditarem que o sofrimento é algo característico da profissão; desacreditarem da possibilidade de mudança e depositarem suas esperanças em elementos externos de controle como Deus ou o governo. Ademais, observa-se que, em alguns momentos, encaram a profissão e o papel do caminhoneiro, se descrevendo como heróis, mecanismo de defesa utilizado para minimizar o sofrimento e negar a realidade; em outros momentos referem a si mesmos como bandidos, internalizando os preconceitos e estigmas que afirmam existir na sociedade. A partir da análise realizada por esta pesquisa, verificou-se que os autoestereótipos e a falsa consciência impossibilitam esse trabalhador de lutar adequadamente por condições dignas, e que a compreensão deste fato pela categoria possibilitará um posicionamento político adequado e uma busca efetiva por mudanças. Além disso, este estudo chegou à conclusão de que, devido à características específicas da profissão, a superação da justificação do sistema, pode fazer com que a economia solidária desponte no horizonte desta categoria, como um caminho viável para transformar as condições de trabalho e de vida destes profissionais.