Demência: aspectos da alimentação e deglutição e suas relações com cognição e sintomas neuropsiquiátricos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pinheiro, Deborah Rodrigues
Orientador(a): Tedrus, Gloria Maria de Almeida Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/14904
Resumo: O comprometimento da deglutição é um achado frequente em idosos particularmente naqueles com quadros de demência, assim o objetivo do nosso trabalho foi descrever em pacientes com demência de Alzheimer (DA) e demência vascular (DV), aspectos da deglutição e da alimentação, identificar risco de disfagia e suas relações com aspectos clínicos, cognitivos, comportamentais e sintomas neuropsiquiátricos. Participaram deste estudo 35 idosos com diagnóstico de demência segundo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, em acompanhamento no Ambulatório de Neurologia Clínica do Hospital Maternidade Celso Pierro (PUC-Campinas). Os pacientes foram submetidos a: história clínica, Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), teste de Fluência Verbal, Inventário Neuropsiquiátrico (INP), Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP), Clinical Dementia Rating (CDR), questionário para avaliação de distúrbio do apetite e da alimentação (NPI-C) e pelo Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Foram incluídos 24 (68,6%) pacientes com diagnóstico de DA e 11 (31,4%) com DV. A idade média dos pacientes foi de 77,5 (±9,0) anos, escolaridade média formal de 2,1 anos e tempo médio de doença de 3,5 anos. No MEEM o escore total foi de 14,2 (±6,5) e no teste de fluência verbal, a média de palavras foi de 5,6. O escore médio no INP foi 18,6 (±11,3) e na avaliação funcional (QAFP) foi de 22,9. Os pacientes foram classificados em demência leve 16 (45,8%), moderada 14 (40%) e grave 5 (14,2%) casos, conforme o CDR. Os pacientes com DA eram, de modo significativo, mais velhos que aqueles com DV (p=0.003). Na classificação da demência foi observada maior ocorrência de moderado/grave naqueles com DA quando comparados aos com DV (p=0.013). No PARD, 10 (29%) pacientes apresentaram deglutição normal e 25 (71%) apresentaram sinais sugestivos de para disfagia, desse número 17 casos com DA, mas sem diferença significativa na classificação da demência. Não houve queixa de “mudança no apetite, no peso ou nos hábitos alimentares” nos que apresentaram de modo significativo demência classificada como leve (p=0,044). Os pacientes que apresentaram queixa de engasgos e tosse, na anamnese apresentam de modo significativo sinais sugestivos para disfagia (p=0,007). Os pacientes sem alteração na questão “como colocar muita comida na boca de uma vez só”, eram de modo significativo aqueles classificados como leve (p=0,046). Comparando a idade dos sujeitos com as fases oral e faríngea do PARD foi observado que aqueles que apresentaram alteração na fase oral (p=0,024) e na fase faríngea (p=0,03) eram de modo significativo mais velhos quando comparados aos que não apresentaram alterações. Em relação ao MEEM quando comparados aos sem alterações na fase faríngea apresentaram de modo significativo pior desempenho em cálculo (p=0,020) e em linguagem (p=0,031). Os pacientes com sinais sugestivos para disfagia apresentaram de modo significativo alteração na Fase Oral e na Fase Faríngea (p=0,000), quando comparados aos sem sinais sugestivos para disfagia. Aqueles com “mudança no apetite, no peso ou nos hábitos alimentares” no NPI-C apresentaram de modo significativo alteração na Fase Faríngea (p=0,035) do PARD, quando comparados aos sem mudanças. Foi elevada a queixa de mudança no apetite, no peso ou nos hábitos alimentares, e era relacionada de modo significativo a gravidade da demência. A presença de queixa de engasgo ou tosse foi observada em 25% casos, e ocorreu em todas as idades. Foi elevada a ocorrência de sinais sugestivos para disfagia, no PARD, na nossa amostra, mas não houve relação com os aspectos comportamentais e neuropsiquiátricos. A queixa clínica de engasgos e tosse correlacionou-se de modo significativo com sinais sugestivos para disfagia. Alterações na fase oral e faríngea, do PARD ocorreram de modo significativo nos sujeitos mais velhos. Alterações cognitivas associaram-se a alteração na deglutição na faríngea do PARD.