O sofrimento como mediação da vida cotidiana: significações de adolescentes da escola pública

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mac Knight, Marcela de Sales
Orientador(a): Souza, Vera Lúcia Trevisan de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17440
Resumo: A presente pesquisa situa-se no campo dos estudos de natureza qualitativa e participativa, caracterizando-se como uma pesquisa-intervenção-arte. Ancorada nos pressupostos teóricometodológicos da Psicologia Histórico-Cultural, seu objetivo geral consiste em analisar as significações do sofrimento expresso por estudantes adolescentes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio na escola. Para tanto, nos valemos de materialidades artísticas - como contos, trechos de séries, curtas-metragens, livros, fotografias, pinturas, esculturas - enquanto instrumentos de mediação das expressões dos estudantes, de modo a acessar o fenômeno investigado. Também adotamos como marco teórico a categoria de sofrimento ético-político, e seu par indissociável, a saúde ético-política. Participaram da pesquisa estudantes de duas turmas do Ensino Fundamental II e de uma turma do Ensino Médio, de uma escola da rede estadual de ensino, situada na periferia de uma grande cidade do interior do estado de São Paulo. Junto a esses coletivos, realizamos encontros semanais com aproximadamente uma hora e meia de duração, sobre temáticas relacionadas ao sofrimento vivenciado em seu cotidiano. Tais encontros foram gravados e transcritos, compondo as fontes de dados juntamente com os diários de campo e as produções autorais dos adolescentes. Como resultados, temos a manifestação do medo em múltiplas camadas de significações e contradições, entre as quais o medo da morte física e simbólica. A um só tempo, emerge nas expressões dos estudantes uma atração por ações/atitudes que colocam em risco sua segurança física, as quais constituem modos de “perseverar na existência”. Já no âmbito do papel das instituições na vida atual e futura dos participantes, a escola se destaca, produzindo, a um só tempo, sofrimento ético-político, e possibilidades de acesso a um futuro mais digno, ou meios para a superação de suas atuais condições de vida, a partir das seguintes contradições: escola do acolhimento x escola da opressão; garantia de direitos x disciplinamento dos corpos; resistência e luta x impotência diante das autoridades. Ademais, evidenciamos um sentimento de subalternidade dos adolescentes em relação ao governo e ao mercado, em oposição a revolta e indignação frente ao caráter desumano e explorador do trabalho. Por fim, abordamos o racismo e o preconceito como fontes de sofrimento ético-político dos estudantes, cujas manifestações por vezes se dão em um incômodo, uma suposta “brincadeira”, ou uma expressão de revolta. O presente trabalho revelou a potência de ações voltadas ao coletivo para avançar no processo de conscientização dos adolescentes sobre suas condições de vida.