Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
ZUPPA, Marizete Arenhart |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.pgsskroton.com//handle/123456789/38040
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Resumo: |
Antecedentes: A adolescência é um importante período de transição dinâmica em que são identificadas não apenas intensas mudanças nos aspectos físico e mental, mas sobretudo nas relações sociais. Nesse período de desenvolvimento, gradativamente o jovem adquire maior independência em suas ações de autocuidado e passa a assumir maior responsabilidade por sua saúde. Por isso, é necessário identificar as condutas do estilo de vida que possam influenciar a qualidade de vida relacionada à saúde na população jovem para o delineamento e a implementação de intervenções educacionais e de saúde pública mais eficazes. Objetivos: O formato da tese acompanha o modelo escandinavo e resultou na preparação e submissão de cinco artigos científicos. Inicialmente, foi conduzido estudo com intuito de traduzir para o idioma português, proceder a adaptação transcultural e verificar as propriedades psicométricas do Adolescent Health Promotion Scale (AHPS) para uso em adolescentes brasileiros (Artigo 1). Em seguida, concentrou-se em detectar diferenças nos domínios de promoção da saúde de acordo com dados demográficos e condutas do estilo de vida, incluindo atividade física, comportamento sedentário, sono e consumo alimentar, em uma amostra de adolescentes (artigo 2). Na sequência, buscou-se identificar os efeitos independente e combinado de um conjunto de condutas do estilo de vida, incluindo atividade física, comportamento sedentário, duração de sono e consumo alimentar, na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) da amostra de adolescentes (artigo 3). Posteriormente, procurou-se disponibilizar dados descritivos de componentes de risco para síndrome metabólica (MetS) e, na sequência, identificar diferenças nas pontuações atribuídas por adolescentes aos domínios de promoção da saúde de acordo com o diagnóstico de MetS (artigo 4). Por fim, determinar a proporção da amostra selecionada de adolescentes que atenderam individualmente e em conjunto as três diretrizes de movimento; e, identificar os efeitos do atendimento das diretrizes de movimento sobre marcadores de saúde cardiometabólica (artigo 5). Métodos: A versão original da AHPS proposta no idioma inglês foi traduzida de acordo com recomendações internacionais. Para identificar as propriedades psicométricas da versão traduzida da escala foi selecionada amostra de 1949 adolescentes de ambos os sexos com idade entre 12 e 18 anos. Inicialmente foi realizada análise fatorial exploratória e, na sequência, análise fatorial confirmatória. Foram analisadas as validades convergente e discriminante do modelo fatorial por meio da confiabilidade composta e da variância média extraída. Adicionalmente, para estimar a invariância fatorial do modelo ajustado para uso da AHPS em adolescentes de ambos os sexos e de diferentes idades foi conduzida análise multigrupo (Artigo 1). Por outro lado, os artigos 2, 3, 4 e 5 são estudos observacionais de base escolar, com participação de 306 adolescentes de 14 a 18 anos, pertencentes ao Instituto Federal de Santa Catarina, Campus de São Miguel do Oeste. A coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto a novembro de 2019. Além de informações demográficas, foram levantados dados relativos às condutas do estilo de vida, incluindo atividade física, tempo de tela recreativa, consumo alimentar e duração de sono, mediante aplicação de questionário com questões estruturadas. A percepção de QVRS foi identificada por meio do instrumento Kidscreen-27. Os marcadores cardiometabólicos foram tratados a partir de um escore contínuo incluindo as variáveis: pressão arterial sistólica e diastólica, índice de massa corporal, circunferência da cintura, triglicerídeos séricos, colesterol total, lipoproteína de alta densidade, lipoproteína de baixa densidade, proporção de CT para HDL-C, glicemia de jejum (GLU) e insulina plasmática. As duas últimas variáveis foram usadas para definir a resistência à insulina pelo modelo de homeostase usando fórmula padrão. Resultados: Mediante achados equivalentes ao estudo inicial verificou-se que, após discretas modificações apontadas no processo de tradução, o comitê de juízes considerou que a versão para o idioma português da AHPS apresentou equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. Análise fatorial confirmou estrutura de seis domínios originalmente proposta, mediante indicadores estatísticos equivalentes a χ 2 /gl=1,83, 8 CFI=0,948, GFI=0,969, AGFI=0,956 e RMSR=0,052. Validade fatorial e confiabilidade foram confirmadas mediante adequadas cargas fatoriais e desejáveis dimensões de confiabilidade composta e variância média extraída. Com valores equivalentes ao alfa de Cronbach ≥ 0,70 em todos os domínios extraídos da estrutura fatorial, assumiu-se que a versão traduzida da AHPS ajustada para 34 itens apresentou aceitável consistência interna, o que aponta sua confiabilidade para análise dos comportamentos de promoção da saúde de adolescentes no contexto brasileiro. Especificamente com relação às diferenças nos domínios de promoção da saúde de acordo com dados demográficos e condutas do estilo de vida, pontuações atribuídas a cada um dos domínios mostraram variações substanciais de acordo com sexo, idade, ano de estudo, escolaridade dos pais e classe econômica familiar. Após ajuste para covariáveis, os adolescentes que apresentaram pontuações significativamente mais elevadas equivalentes ao índice global de promoção da saúde relataram ser mais ativos fisicamente (F = 4,848; p = 0,009), dormir 6-8 horas/noite (F = 2,328; p = 0,046), consumir frutas/hortaliças com maior frequência (F = 3,168; p = 0,024), enquanto o tempo de tela recreativa e o consumo de produtos açucarados/refrigerantes não demonstraram qualquer efeito significativo. Os achados confirmaram a consistente influência positiva dos domínios de promoção da saúde dimensionados pela AHPS sobre condutas saudáveis do estilo de vida. Quanto aos efeitos independente e combinado do conjunto de condutas do estilo de vida na QVRS, adolescentes que apontaram ≤ 2 horas/dia de comportamento sedentário baseado em tela recreativa (F = 5,496; p = 0,016) e duração de sono entre 8-10 horas/noite (F = 6,542; p = 0,009) apresentaram QVRS significativamente mais elevada. Adolescentes que relataram adesão conjunta ≥ 3 condutas saudáveis do estilo de vida demonstraram aproximadamente de duas [OR = 2,12; IC95% 1,27 – 4,79] a três vezes [OR = 3,04; IC95% 1,93 – 5,62] mais chance de apresentarem percepções favoráveis de QVRS em comparação com seus pares que relataram não aderir a nenhuma das quatro condutas saudáveis. Embora condutas saudáveis do estilo de vida apresentaram efeito independente positivo sobre a QVRS, adesão conjunta de condutas saudáveis potencializou o efeito cumulativo. No que se refere à associação entre diagnóstico de MetS e pontuações atribuídas pelos adolescentes aos domínios de promoção da saúde, a presença de MetS foi identificada em 5,6% [IC95% 4,4 – 6,9] da amostra, estatisticamente maior nos rapazes (p = 0,045). Escore médio do índice global de promoção da saúde foi equivalente a 3,35 ± 0,50, com variações significativas entre sexo nas pontuações atribuídas a cada um dos domínios. Após ajuste para covariáveis, adolescentes com MetS pontuaram significativamente menos no domínio de exercício físico (p = 0,040) e no índice global (p = 0,044). Adolescentes com menores pontuações equivalentes ao índice global de promoção da saúde demonstraram aproximadamente o dobro de chance de apresentar simultaneamente dois componentes individuais de risco [OR = 1,82; IC95% 1,07 – 4,48] e de serem identificados com MetS [OR = 1,95; IC95% 1,08 – 4,79]. No tocante aos efeitos do atendimento das diretrizes de movimento (atividade física, tempo de tela e sono) sobre marcadores cardiometabólicos, apenas 4,8% (IC95% 4,3 – 5,4) dos adolescentes atendeu simultaneamente as três diretrizes de movimento, enquanto 9,3% (IC95% 8,4 – 10,4) da amostra não atendeu a nenhuma das diretrizes. Nenhuma diferença significativa entre ambos os sexos foi encontrada no atendimento simultâneo das três diretrizes de movimento. Os adolescentes que atenderam unicamente a diretriz equivalente ao tempo de tela recreativa (OR = 1,54 [IC95% 1,06 – 2,36]; p = 0,038), a diretriz relativa à duração de sono (OR = 1,68 [IC95% 1,12 – 2,64]; p = 0,023), simultaneamente as diretrizes de tempo de tela recreativa e duração de sono (OR = 1,47 [IC95% 1,02 – 2,25]; p = 0,046), ou não atenderam a nenhuma das diretrizes (OR = 2,05 [IC95% 1,41 – 3,17]; p < 0,001) se mostraram significativamente mais expostos a riscos para saúde cardiometabólica do que seus pares que relataram atender as três diretrizes de condutas saudáveis de movimento. Contribuição para a área de conhecimento: Acredita-se que os achados do presente estudo de tese possam oferecer importantes informações quanto aos indicadores associados à promoção da saúde da população jovem, o que poderá contribuir de forma significativa para a ampliação de novos conhecimentos na área, além de possibilitar o delineamento de ações intervencionista, de modo a auxiliar na formação dos adolescentes em educação em saúde, minimizar eventuais agravos de saúde, fortalecer as boas práticas e contribuir para a efetivação de futuros estudos sobre a temática. |