Psychotria Carthagenensis Jacq.: Uso Ritualístico na Comunidade do Santo Daime, Toxicidade e Caraterização Química

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: NASCIMENTO, Giovana Coutinho Zulin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.pgsscogna.com.br//handle/123456789/63383
Resumo: Para compreender como o Santo Daime chegou em Mato Grosso do Sul e as caraterísticas toxicológicas e química da Psychotria carthagenesis Jacq. em substituição a Psychotria viridis Ruiz & Pav, na preparação da bebida utilizada na ritualística do Santo Daime, esta tese tem como objeto de estudo a P. carthagenesis o que contempla a linha de pesquisa Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento Regional. Objetiva se com este estudo geral levantar as informações etnobotânicas, farmacológicas e fitoquímicas de Psychotria carthagenensis utilizada em ritualísticas do Santo Daime e avaliar a toxicidade da planta e relacionar com os constituintes químicos. Para entender esta trajetória utilizou-se de fontes primárias obtidas nos grupos Daimistas de Campo Grande – MS e das fontes secundárias com exploração de livros, artigos, teses e dissertações disponíveis no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), referentes à temática Santo Daime. Na ritualística do uso da bebida que inicialmente era restrita aos povos indígenas da Amazônia e hoje faz parte da doutrina do Santo Daime disseminada em todo território brasileiro. A chegada da bebida em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ocorreu em 1976, momento em que foi consumida livremente, sem contextos religiosos. Em 1983 foi instalado o primeiro centro Daimista e 1988 foi iniciado o consumido da bebida. Estudos científicos validam até o momento os efeitos ansiolíticos da bebida, pela presença dos alcaloides nas folhas de P. viridis, classificados como não canabionoides. A analise fitoquimica clássica do extrato etanólico obtidos das folhas de P. carthagenensis, coletadas em um fragmento de Cerrado de Campo Grande – MS, demonstrou também a presença de alcaloides, logo segueriu se que o uso desta planta no preparo da bebida tem a mesma ação ansiolítica registrada para a P. viridis. Em continuidade a esses estudos e com base nas evidências prévias de atividade inibidora da Acetilcolinesterase (AChE) em ratos com a extrato de P. carthagenensis se faz necessário pesquisas sobre efeitos toxicológicos e genotóxicos sobre o bioindicador Danio rerio (zebrafish). O extrato etanólico das folhas de P. carthagenensis foi submetido a analise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. O extrato etanólico foi preparado uma solução hidroalcóolica e submetido ao ensaio de toxicidade agudo por um período de 96 horas. Ensaios de micronucleos e anormalidade foram acompanhadas por análises histológicas 12 do fígado e brânquias dos peixes. Como resultados do perfil químico foram identificando o ácido clorogênico, feruloilagmatina, megastigmane o-glicosilado, triidroxiflavanona, di-o-desoxihexosil-o-hexosil quercetina, loliolida e oleamida. Peixes-zebra adultos foram expostos a diferentes concentrações e as CL50 foram calculadas para os tempos de 24 e 96h, sendo 9,905 ± 0,695 e 8,068 ± 0,778, respectivamente. Dos resultados encontrados na análise dos micronúcleos não foram classificados como significativas para toxicidade o que foram confirmadas na análise histológica. Conclui-se que a tradição cultural brasileira está intimamente ligada a biodiversidade e com as práticas etnobotânicas, como ocorre no ritual do Santo Daime e que as folhas possuem propriedades ansiolíticas e com base nos resultados desta tese podem ser validadas como uso medicinal.