O Parque Indígena do Xingu e o avanço do agronegócio na região sudoeste do Parque: ameaças à sua sustentabilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: BARBOSA, Railson Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.pgsskroton.com//handle/123456789/48666
Resumo: O Parque indígena do Xingu é uma área protegida reconhecida como Terra Indígena, estando situado em uma zona de transição entre dois grandes biomas: Cerrado e Floresta Amazônica, sendo idealizado na década de 1950 e criado oficialmente em 1961, pelo Decreto n.o 50.455. Inicialmente foi denominado Parque Nacional do Xingu e em 1978 perdeu esta denominação. Um dos motivos para sua criação foi a proteção indígena e ambiental, por meio da implementação de uma área de proteção de 2,8 milhões de hectares, que abriga 16 diferentes etnias, no norte do estado de Mato Grosso. Atualmente, a região é uma área sob pressão antrópica, pois as atividades relacionadas ao agronegócio pressionam o entorno do Parque, ameaçando sua sustentabilidade. Levando-se em consideração a importância ambiental e social do Parque, objetivou-se analisar as alterações de paisagens dentro e no entorno do Parque, por meio de imagens de satélites, além de discutir os mecanismos de proteção dos direitos indígenas e a sustentabilidade da área. A linha de pesquisa utilizada é Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento Regional Sustentável, Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Dentro deste contexto, foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória envolvendo normatizações que regulamentam o Parque, os direitos indígenas e dados sobre o desmatamento na região, com imagens obtidas por meio dos Satélites Landsat 5, Landsat 8 e Sentinel II (1986- 2022), processadas por meio dos Sistemas de Informações Geográficas. Os resultados obtidos indicam que a área no entorno do Parque sofre uma alteração constante de suas paisagens, com o avanço de atividades relacionadas à agropecuária, que já atinge as fronteiras do Parque em várias regiões, indicando que os impactos destas atividades podem estar afetando os serviços ecossistêmicos oferecidos pelo Parque. A maior retirada da vegetação nativa ocorreu entre 1995 e 2005 e após este período, o crescimento da área antropizada sofreu uma desaceleração, embora as porcentagens continuem subindo, passando ao final do período avaliado de 3,7% para 33,8% (aumento de 30,1%). Por outro lado, dentro do Parque a maior parte da vegetação se encontra preservada, apesar de existirem pontos de desmatamento, vários dos quais em áreas da fronteira do Parque, o que pode indicar retirada ilegal de madeira e/ou outras ações antrópicas. Tais fatos indicam que apesar da legislação pertinente, sua manutenção está ameaçada pelo avanço do agronegócio, com a perda de vegetação nativa no entorno, denotando que ações concretas deveriam ser6 tomadas, pois uma área florestal cercada de locais de cultivo é uma ameaça ao modo de vida da população indígena e a biodiversidade. Deste modo, a implementação de uma zona de proteção em torno do Parque deveria ser uma prioridade, implementando um plano de ordenamento territorial, tal como o Zoneamento Ecológico Econômico, o que permitiria uma Zona de Amortecimento nas terras indígenas, a fim de proteger a região como um importante polo de biodiversidade, cultural e ambiental.