Dinâmica espacial da assembleia de mamíferos de médio e grande portes em ambiente de várzea e terra firme na Amazônia Central
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11919 http://lattes.cnpq.br/3944016436400914 |
Resumo: | Entender o uso do espaço por mamíferos é extremamente importante para tomada de decisões eficazes para conservação. Na Amazônia, apesar deste grupo ser intensamente estudado, pouco se sabe sobre sua relação com as florestas de várzea. As florestas de várzea estão restritas às planícies inundáveis nas calhas dos grandes rios de água branca. Essas florestas foram, e ainda são, intensamente utilizadas pelo homem, devido ao fácil acesso e aos solos férteis. Além disso, as mudanças climáticas e as políticas de incentivo à produção energética via barragens hidrelétricas são ameaças diretas às florestas inundáveis e à fauna associada. Com intuito de melhor entender a distribuição das espécies de mamíferos de médio e grande portes na várzea, executamos dois anos consecutivos de amostragem durante a estação seca nas RDS’s Amanã e Mamirauá, Amazônia Central. Comparamos a comunidade das espécies de mamíferos entre terra firme (RDSA) e várzea (RDSM), e testamos a influência das fitofisionomias da várzea na distribuição das espécies de mamíferos lá registradas. A grade de amostragem em cada RDS consistiu de 50 estações com um par de armadilhas fotográficas iscadas. O esforço de campo total foi de 4075 armadilhas fotográficas*dia. A partir do mapeamento espacial pré-existente da RDSM nós determinamos duas escalas de buffer com raio de 500 m e 1000 m ao redor das estações fotográficas e mensuramos a área ocupada (km2) por cada classe de habitat. Para comparação entre as comunidades de mamíferos da terra firme e da várzea usamos uma ordenação por NMDS de duas dimensões e em seguida uma Análise de Similaridade (ANOSIM), ambos baseados no índice de similaridade de Bray- Curtis. Para testar a influência das fitofisionomias da várzea na distribuição dos mamíferos usamos Modelos Lineares Generalizados (GLM) e, para espécies com excesso de zeros, modelos de Zeros-Inflados (ZIP/ZINB) e modelos de Obstáculo (ZAP/ZANB). Nós registramos 21 espécies de mamíferos de médio e grande portes de um total de 3443 registros. Dentre as espécies registradas, sete são classificadas como ‘vulneráveis’ globalmente ou em listas do Brasil. Como esperado as comunidades de mamíferos foram dissimilares entre várzea e terra firme. Na várzea foram registradas apenas seis espécies, enquanto na terra firme foram 20 espécies. A comunidade de mamíferos da floresta de várzea apresentou um padrão de subgrupo hierárquico da comunidade da terra firme, sendo que todas as espécies registradas na várzea possuem hábitos semi-arborícolas. Das cinco espécies compartilhas entre os dois ambientes, três espécies foram registradas com maior frequência na várzea, o que pode estar relacionado com maiores populações nesses ambientes. As fitofisionomias da várzea influenciaram a distribuição de todos os mamíferos testados, com exceção de Leopardus wiedii. O número total de registros e a composição das espécies foram influenciados pelo chavascal, sendo que houveram menos registros com aumento da área de chavascal. Do mesmo modo, Didelphis marsupialis e Nasua nasua também evitaram o chavascal. N. nasua também foi menos registrada nos campos abertos de vegetação herbácea. A espécie Coendou prehensilis teve relação positiva com os habitats água constante e várzea alta, enquanto Panthera onca evitou a várzea alta. Este é o primeiro estudo de comunidade de mamíferos com foco em ambientes de várzea, portanto novos estudos são necessários para se entender os padrões em outras regiões de várzea, o que auxiliará diretamente no direcionamento de ações conservacionistas. |