Criação de gado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, ameaça ou necessidade? Caracterização ambiental, social e financeira para subsidiar ações de gestão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Spínola, Jackeline Nóbrega
Orientador(a): Carneiro Filho, Arnaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia - GAP
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12904
http://lattes.cnpq.br/3199988449301787
Resumo: O desenvolvimento da atividade pecuária dentro de Reservas Extrativistas na Amazônia é motivo de polêmicas e debates na área ambiental desde o estabelecimento da Lei do SNUC. O histórico do movimento extrativista teve os “empates” como principal bandeira de luta, sendo uma estratégia de combate ao desmatamento e garantia de manutenção dos direitos ao uso do território. Independente dos avanços do movimento, é fato que a atividade pecuária se configurou ao longo dos últimos 20 anos, como o uso predominante nas áreas desmatadas na Amazônia, inclusive dentro de Unidades de Conservação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento da atividade de criação de gado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, nos aspectos sociais e financeiros, através da elaboração de um diagnóstico censitário junto aos criadores de gado da UC, bem como dos impactos ambientais ocasionados pela formação de pastagens a partir da análise dos dados fornecidos pelo INPE/Projeto TerraClass, com vistas a subsidiar ações de gestão. Como principais resultados sobre os impactos ambientais da atividade na UC, destaca-se que mais de 90% da área se mantem preservada, mesmo diante da intensa ocupação populacional. Na atualidade, apenas 0,35% da área da Resex é destinada a pastagem, e tal formação ocorreu majoritariamente sob áreas já consolidadas. A taxa de lotação verificada, da ordem de 1,15 cabeças/ha, indica não ocorrer o fenômeno de super-exploração de pastagem. A questão sanitária destacou-se como um dos principais problemas em virtude da modalidade de criação do gado solto, com livre acesso aos cursos d’água e às áreas urbanas das comunidades. O diagnostico demonstrou que 193 beneficiários são responsáveis pela criação de 2.718 animais na Resex, sendo que 1/3 deles possuem apenas um animal utilizado para o transporte, e o restante dos criadores entre 2 até 150 cabeças. A média de tamanho do rebanho por criador, gira em torno de 14 cabeças. Destaca-se o forte interesse de 62% dos criadores em desenvolver outras culturas ou práticas agropecuárias, demonstrando a característica de complementariedade da atividade. Outro aspecto relevante está relacionado a sua importância financeira e social, pois 60% dos criadores informaram que seus rebanhos abastecem as comunidades da Resex, ou seja, são comercializados dentro da própria UC. Diante do exposto, conclui-se que a atividade de criação de gado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns pode ser considerada de subsistência devido ao porte e modos de produção identificados. Possui relevância financeira, social e cultural para os beneficiários criadores ou não. E finalmente não se configura como o principal vetor do desmatamento na UC, sendo praticamente irrelevante sua contribuição. O futuro da Resex Tapajós Arapiuns e de outras Reservas Extrativistas na Amazônia, não deve ser pautado na dicotomia: gado! sim ou não? Antes, deve-se pautar na sustentabilidade das práticas de uso dos recursos ambientais existentes.