Indo ao fundo: variação espaço-temporal e estrutura trófica das assembleias de peixes bentônicos no baixo rio Purus, AM, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Duarte, Cleber
Orientador(a): Deus, Cláudia Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11508
Resumo: Assembleias de peixes bentônicos que habitam o fundo de canal dos rios, especialmente nos grandes rios tropicais, ainda são pouco conhecidas, assim como a influência da variação sazonal sobre a estrutura dessas assembleias. Nesta tese, procuramos verificar a variação espaço-temporal e estrutura trófica das assembleias de peixes bentônicos no baixo rio Purus, Estado do Amazonas, Brasil. Através de coletas com arrastos bentônicos, obtivemos informações sobre variação espacial e temporal na composição, abundância, riqueza e diversidade dessas assembleias. Além disso, mensuramos variáveis ambientais (profundidade, velocidade da correnteza, temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade e pH) do canal principal e verificamos possíveis respostas dos peixes às mudanças ambientais sazonais. Amostramos, ainda, dados de disponibilidade sazonal de recursos alimentares e relacionamos aos estudos de dieta e estrutura trófica de peixes bentônicos. Nossos resultados mostraram que a distribuição de abundância das espécies e a composição das assembleias variaram sazonalmente, o que em parte pode ser explicado por diferenças espaciais no uso do habitat durante os períodos de vazante e enchente, mantendo, portanto, níveis elevados de diversidade. Durante a enchente, muitos peixes podem realizar migração lateral em direção às áreas inundadas, onde encontram melhores condições de forrageamento, assim como refúgio contra predadores; enquanto que na vazante, quando o nível da água diminui, os peixes acompanham essa movimentação de volta ao canal principal. Entre as variáveis ambientais analisadas, a profundidade influenciou a distribuição de algumas espécies de peixes bentônicos. Por fim, dados de dieta revelaram a importância de recursos autóctones na alimentação dos peixes bentônicos, especialmente insetos aquáticos. Da mesma forma, foi observada uma elevada plasticidade trófica e dieta predominantemente onívora das espécies, possivelmente em resposta à disponibilidade sazonal dos itens alimentares. Esse conjunto de resultados indica a importância de ambientes sazonalmente alagados (várzeas) para várias espécies que habitam o fundo de canal de rios, com um importante papel na manutenção da diversidade de comunidades bentônicas, uma vez que o input de recursos para o canal principal, caracterizado pela baixa produtividade primária autóctone, pode ocorrer através do pulso de inundação ou mesmo ao longo do continuo fluvial.