A relação entre a usina hidroelétrica de Balbina e a morte de árvores de Macrolobium acaciifolium (Benth.) Benth. (Fabaceae) nas florestas alagáveis a jusante do Rio Uatumã, Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Assahira, Cyro
Orientador(a): Schöngart, Jochen
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12737
http://lattes.cnpq.br/5303028785796153
Resumo: Na Amazônia, ao longo de seus grandes rios e tributários, o pulso de inundação monomodal é o principal fator responsável pela produtividade e condução dos processos ecológicos. As árvores respondem a condições desfavoráveis de crescimento durante a fase de inundação através da dormência cambial, resultando na formação de anéis de crescimento. A espécie arbórea Macrolobium acaciifolium é adaptada a prolongados períodos de inundação, possui ampla ocorrência nas áreas alagáveis da Amazônia e é comprovadamente apta para estudos dendrocronológicos. Observa-se uma grande quantidade de indivíduos mortos de M. acaciifolium e de diversas outras espécies nas cotas topográficas baixas a jusante da barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) de Balbina, localizada no Rio Uatumã na Amazônia Central. O presente estudo buscou relacionar mudanças no regime de inundação desencadeadas pela UHE com o ano da morte dos indivíduos de M. acaciifolium, o que foi feito através de estudos dendrocronológicos, datação por radiocarbono (14C) e dados hidrológicos (séries históricas de inundação). Após a implementação da UHE, foi verificado a diminuição do pulso de inundação, o aumento do nível médio do rio, o aumento nas variações diárias do nível do rio e a supressão da fase terrestre por anos seguidos. Para a datação do ano da morte foi realizada a interdatação entre cada indivíduo morto (n = 17) e uma cronologia (referência) com indivíduos vivos (n = 37), que estendeu-se de 1638 a 2012 e mostrou-se significativamente datada ao ser comparada com séries temporais de medições instrumentalizadas do Porto de Manaus (r = 0,49; p<0,0001). Ao longo de 100 km a jusante da barragem, foram coletados 17 indivíduos mortos, apresentando em média de 123,35 ± 57,64 anéis, diâmetro à altura do peito (DAP) médio de 71,56 ± 29,83 cm (mínimo: 35,1 - máximo: 127,7) e taxa de incremento radial (TIR) médio de 1,9 ± 1,1 cm. As datações através da dendrocronologia coincidiram com 87,5% dos resultados obtidos por 14C, e quando não houve coincidência o desvio foi de apenas 1 ano. As mortes ocorreram até duas décadas após a implementação da UHE e ocorreram no período em que houve anos consecutivos de supressão da fase terrestre. Esses impactos ao longo do tempo devem ter grandes implicações em toda a floresta de igapó, e possivelmente são semelhantes em outras hidrelétricas em áreas alagáveis tropicais. A aplicação da dendrocronologia utilizada no estudo é inédita nas florestas tropicais, podendo se estender para outros distúrbios ambientais que afetam o desenvolvimento de espécies arbóreas.