Estrutura taxonômica e funcional das assembleias de formigas (Hymenoptera: formicidae) em florestas de várzea e terra-firme na Amazônia Central.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santos, Talitha
Orientador(a): Baccaro, Fabricio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Entomologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12579
Resumo: O pulso de inundação dos grandes rios pode ser considerado um tipo de perturbação natural que afeta diversos organismos de ecossistemas tropicais. Esse processo natural modifica a paisagem, alterando a estrutura de florestas localizadas próximas aos rios. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da inundação sobre a ocorrência, riqueza, composição e os traços funcionais de assembleias de formigas em florestas de terra-firme e várzea, no período sazonal de cheia e seca do rio. Coletamos formigas em 14 transectos, localizados próximo ao Rio Juruá em Carauari, Amazonas, utilizando pitfall terrestre, extratores de Winkler, guarda-chuva entomológico e pitfall arbóreo. Medimos treze traços morfológicos para avaliar a diversidade funcional de formigas. Utilizamos Análise de Variância para comparar as métricas de diversidade taxonômica (ocorrência e riqueza de espécies) entre períodos (cheia e seca) e tipos florestais (várzea e de terra-firme) em cada estrato (terrícola e arborícola). A composição de espécies foi comparada por Análises de Permutação Multivariada. Calculamos três índices de diversidade funcional para cada transecto: riqueza funcional (FRic), equitabilidade funcional (FEve) e dispersão funcional (FDis). Usamos o efeito padronizado de FRic e FDis para controlar possíveis efeitos de diferença de riqueza entre os transectos. Por fim, comparamos as médias ponderadas pela ocorrência das espécies de quatro traços funcionais diretamente relacionados com respostas a inundação através de bootstrap. De maneira geral, o período sazonal não teve relação significativa, tanto para diversidade taxonômica, quanto para diversidade funcional. As formigas arborícolas foram mais frequentes na várzea, comparando com as florestas de terra-firme, mas o número de espécies foi similar entre os dois tipos florestais. As formigas terrícolas foram mais frequentes e diversas nas florestas de terra-firme. Ao total, 36% das espécies arborícolas e 56% das espécies terrícolas correram exclusivamente nas florestas de terra-firme. A equitabilidade e dispersão funcional foram diferentes entre os tipos florestais para espécies arborícolas. Já para as espécies terrícolas, os índices foram similares entre os tipos florestais. O espaço funcional utilizado pelas espécies entre os tipos florestais, em geral, foi similar. No entanto, houve diferenças nos quatros traços funcionais entre os tipos florestais. As formigas arborícolas tendem a ser maiores na várzea. Já as formigas terrícolas tendem possuir pernas proporcionalmente menores nas florestas de terra-firme. Em conjunto, esses resultados sugerem que a várzea é um hábitat mais seletivo para formigas arborícolas, uma vez que formigas maiores sofrem menos efeito de dissecação. As formigas terrícolas exploram os recursos disponíveis na serrapilheira de terra-firme, já que pernas proporcionalmente menores facilitam a locomoção entre os interstícios da serrapilheira. A menor diversidade taxonômica de assembleias de formigas na várzea sugere que o período de inundação do Rio Juruá afeta fatores importantes para o estabelecimento das formigas, como a nidificação, a dieta e o forrageamento, além de causar mudanças nos traços funcionais relacionados às funções das espécies.