A vida comanda o Rio: etnoecologia dos pescadores de três comunidades do rio Cuieiras, Baixo rio Negro, AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Dantas, Marcelino Soyinka Santos
Orientador(a): Daniel, Victor Py
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11863
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4164107D1
Resumo: As formas de uso e manejo dos recursos naturais por diferentes populações humanas são influenciadas não só pela disponibilidade e distribuição dos recursos, mas também por uma série de normas e relações sócio-culturais que regem seu uso. Assim, para um melhor entendimento da dinâmica de exploração são necessárias abordagens que incluam interação entre os sistemas ecológicos e sociais. Neste contexto, os estudos de etnoecologia surgem como uma ferramenta para analisar as relações entre populações humanas e o ambiente. A pesca, atividade importante em toda a bacia amazônica está extremamente vinculada à vida das populações que vivem às margens dos rios da região. Assim, o presente trabalho visou tratar do conhecimento ecológico sobre a ictiofauna mantido pelos moradores de três comunidades do Rio Cuieiras, baixo rio Negro-AM, suas representações acerca do ambiente aquático, e como estes conhecimentos se traduzem em práticas de interação com a ictiofauna. As informações foram obtidas por meio de entrevistas semi-estruturadas, acompanhamento de pescarias e observação participante, num total de 95 dias de permanência em área. Os moradores locais demonstraram conhecer em detalhes aspectos do comportamento alimentar, reprodutivo, localização e hábitos dos organismos aquáticos envolvidos na atividade pesqueira. Além disto, os resultados sugerem que aspectos culturais de preferência (ou tabus) alimentares influenciam na forma de escolha e exploração dos recursos pesqueiros, e também que estes aspectos podem ter relação com os locais e contexto cultural e ambiental de origem dos habitantes. Apesar de freqüentemente coincidir com o conhecimento científico, os saberes locais possuem interpretações distintas, resultando em divergências marcantes na maneira de encarar o universo aquático e os seres envolvidos na pesca. Entretanto, é com base nessas visões de mundo que estas populações interagem com os elementos do ambiente que as cerca, de maneira que tornam-se assim, formas igualmente válidas de ver o mundo. Finalmente, ao tentar este tipo de abordagem, o que está em questão é o direito reservado aos povos mantenedores destas formas distintas de ver o mundo, de estabelecer relações em que estejam igualmente aptos a tomarem decisões a respeito da forma de interação com o ambiente. Desta forma, ao se falar em abordagens ‗participativas para a gestão de recursos naturais, deve-se levar a sério o que todos os envolvidos na utilização deste recurso têm a dizer.