Incêndios florestais e queimadas no Amazonas: distribuição, suscetibilidade e emissões de carbono
Ano de defesa: | 2012 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ciências de Florestas Tropicais - CFT
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/4969 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4768529U1 |
Resumo: | Na Amazônia, o fogo é um dos mais importantes agentes de distúrbios por sua conexão com as atividades de uso da terra, composição atmosférica e ciclo global do carbono. Os resultados apresentados neste estudo fornecem informações substanciais sobre regime e comportamento do fogo e interações com o uso da terra e componentes meteorológicos, além dos impactos decorrentes de incêndios florestais na biomassa e emissões de carbono no Amazonas. No Capítulo 1, séries temporais de focos de calor, desmatamento e de chuva, derivadas de dados de satélites foram utilizadas para determinar a distribuição temporal e espacial de fogo no Amazonas evidenciando os padrões sazonais de cada variável e interações com a queima de biomassa. No sul do Amazonas foram detectados 60% dos focos de calor com grande variabilidade temporal mensal e anual. Entre 95% e 99% dos focos foram registrados durante o período de maior atividade de fogo (julho a março) com picos nos meses de agosto, setembro e outubro, coincidindo com os meses de menor precipitação. A atividade de desmatamento ocorre cerca de três meses antes do início da atividade de fogo. Os focos de calor não apresentaram relação linear com a área desmatada (p = 0.294, r² = 0.002, n = 68, dados do DETER; p = 0.357, r² = 0.000, n = 10, dados do PRODES), mas forte relação inversa com a precipitação (p < 0.001, b = -0.009, n = 120), com marcante sazonalidade e variabilidade anual, padrões espacialmente próximos e temporalmente dinâmicos ao longo do tempo. No Capítulo 2 foram determinadas as condições meteorológicas nas quais ocorre o maior número de eventos de fogo na vegetação do sul do Amazonas em um ano de seca normal (2004) e em um ano de seca severa (2005), potencializada por anomalia climática. No ano de seca severa, a área do sul do Amazonas suscetível ao fogo foi 83% maior do que em 2004. Em 2004 e 2005, 48% e 79%, respectivamente, das células com focos de calor atenderam simultanemente as condições meteorológicas propícias à combustão vegetal, com precipitação acumulada mensal inferior a 100 mm, temperatura média do ar maior que 24°C, e umidade relativa do ar inferior a 65%, principalmente em agosto e setembro. O número de focos de calor detectados em 2005 foi mais que duas vezes o valor de 2004. As condições meteorológicas apresentaram tendência de separação entre os anos, mas não entre as áreas com e sem focos de calor (PC1 = 48%, PC2 = 22%). Os parâmetros meteorológicos apresentaram valores bastante preditivos para ocorrência de fogo no Amazonas (b = 0,83; p < 0,001; EP = 0,13; n = 8). O Capitulo 3 apresenta estimativas de áreas de florestas afetadas por incêndios ocorridos em 2005 nos municípios de Boca do Acre e Lábrea (sul do Amazonas) e da perda de biomassa, estoque de carbono e das emissões comprometidas pelo aumento da mortalidade de árvores em decorrência do fogo. Cicatrizes de fogo observadas nas imagens do satélite Landsat TM-5 de 2004-2006 foram interpretadas visualmente e digitalizadas. Foram mapeados ~865,6 km² de floresta afetada pelo fogo, a maioria (2,9% da cobertura florestal total) concentradas ao longo das bordas sul dos municípios que fazem fronteira com os estados de Rondônia e Acre. A maior perda de biomassa em função do aumento na mortalidade de árvores ocorreu quatro anos após o fogo: 4,5 × 106 Mg (total) e de 3,7 × 106 Mg (acima do solo). Consequentemente, 2,2 × 106 Mg C (total) e 1,8 × 106 Mg C (acima do solo) das emissões potenciais de carbono foram comprometidas a partir da queima inicial da biomassa florestal e das árvores mortas pelo fogo. Emissões ocorrerão por meio da oxidação da biomassa morta por decomposição ou pela combustão, em eventos de fogo subsequentes. Incêndios afetam extensas áreas de floresta e podem emitir quantidades significativas de carbono para a atmosfera, em períodos de seca severa. |