Ecologia e modelagem da distribuição dos sítios de nidificação do jacaré-açu (Melanosuchus niger) em uma área de várzea da Amazônia Central, Brasil
Ano de defesa: | 2009 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11856 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4243212E4 |
Resumo: | O jacaré-açu, Melanosuchus niger, é uma espécie primordialmente amazônica, cujas populações mais numerosas estão associadas principalmente com áreas interiores de várzea, mas a ecologia de nidificação relacionada com esses ambientes hidrologicamente dinâmicos é ainda pouco entendida. Os objetivos do presente estudo foram: a geração de informações sobre a nidificação da espécie quanto ao tamanho e número de ovos e sua relação com o tamanho da fêmea; a influência dos regimes de inundação na ocorrência de ninhos; a mortalidade de ovos e suas causas; e a criação de um modelo de previsão das áreas de nidificação. A pesquisa foi desenvolvida na porção sudeste da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (a denominada área focal), uma região de várzea influenciada pela inundação anual dos rios Solimões e Japurá. Analisamos 231 ninhos da espécie distribuidos em 67% dos 66 corpos hídricos em que foram feitas procuras ao longo das temporadas de nidificação de 2007 e 2008. Aproximadamente 40% dos ninhos foram abertos para medir e pesar os ovos. O tamanho médio dos ovos foi comparável ao reportado em outras localidades para essa mesma espécie, mas o tamanho da fêmea do ninho teve relações significativas somente com o volume, mas não com o número de ovos da postura, como acontece em outras espécies. A ocorrência dos ninhos de M. niger esteve positivamente relacionada à estabilidade temporal do espelho d água dos corpos hídricos. Os corpos hídricos em que ocorrem os ninhos de jacaré-açu são geralmente atingidos pelo aumento do nível d água entre os meses de novembro e abril, ao contrário do que acontece em outros corpos hídricos que inundam geralmente a partir de outubro. Isso diminui o risco de inundação nos ninhos e fornece o tempo de isolamento suficiente para a incubação dos ovos finalizar. Uma baixa proporção dos ninhos (13%) foi inundada, mas os ovos de quase 70% dos ninhos foram predados, principalmente por seres humanos e o lagarto jacurarú (Tupinambis teguixin), resultando na produção de filhotes vivos em apenas 14% dos ninhos, uma das mais baixas proporções reportadas em estudos com crocodilianos em condições naturais. A ocorrência de ninhos em corpos hídricos com os espelhos d água mais estáveis facilitou a identificação dos sítios de nidificação na área de estudo utilizando os algoritmos do modelo de distribuição de espécies de máxima entropia (Maxent). Os modelos gerados mostraram uma alta capacidade preditiva, com valores AUC (Area Under the ROC Curve) superiores a 0.99, porém apresentaram uma baixa transferabilidade (i.e. capacidade para prever distribuições em regiões não amostradas). Os corpos hídricos propícios para nidificação são fundamentais na manutenção das populações e, portanto deveriam ser consideradas áreas de alto valor de conservação dentro de programas de manejo sustentável com a espécie. |