Baixo Jauaperi: da farmacopeia ao sistema de saúde – um estudo etnobotânico em comunidades ribeirinhas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pedrollo, Camilo Tomazini
Orientador(a): Kinupp, Valdely Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12722
http://lattes.cnpq.br/1093910484706343
Resumo: Os caboclo-ribeirinhos da Amazônia possuem importante conhecimento de plantas utilizadas para fins terapêuticos, desde suas aplicações, formas de preparo e manejo. Compreender cientificamente os sistemas de conhecimentos tradicionais acerca de plantas implica no uso de uma série de métodos de coleta e análise de dados etnobotânicos, qualitativos e quantitativos, em que os processos de assimilação e transmissão de conhecimento devem ser levados em conta. Utilizando listagens livres, entrevistas semiestruturadas, turnês-guiadas para coleta botânica, grupos-focais e mapeamento comunitário, o presente estudo buscou acessar o conhecimento de plantas medicinais em cinco comunidades do rio Jauaperi, na divisa entre os Estados de Roraima e Amazonas. Após uma introdução geral, o capítulo I trás resultados que revelam as plantas cognitivamente mais salientes entre os comunitários. Em geral foram plantas de ampla distribuição na Amazônia, com reconhecida eficácia em diferentes culturas. Foi possível relacionar seus usos, origens, procedências e ambientes de ocorrência. O capítulo II apresenta uma discussão mais aprofundada sobre as doenças locais e sua relação com as plantas. As plantas mais salientes contemplam receitas para as doenças mais frequentes nas comunidades. Muitas doenças são tidas como culturais e possuem tratamentos rituais específicos, às vezes com uma especificidade de plantas utilizadas. O capítulo III encerra com uma etnografia sobre os curandeiros e informantes-chave da região, relacionando o entendimento etnofarmacológico das plantas com a eficácia simbólica do tratamento local. Os resultados mostram que as florestas de terra-firme possuem maior proporção de espécies em relação aos demais ambientes avaliados (quintais, roçados sobre terra preta de índio, vargeado (ou igapó), restinga, capoeira, campina, campo e chavascal). Associados, os resultados revelam uma importância significativa das árvores nativas, exploradas principalmente a partir de suas entrecascas. Ao contrário do que se esperava, foi identificado um papel secundário para as plantas exóticas cultivadas. As três plantas exóticas mais salientes, o caju, o boldo e a laranjeira, respectivamente, contemplam principalmente doenças gástricas e intestinais, que parecem ser frequentes e ao mesmo tempo possuem um tratamento relativamente simples com chás normalmente disponíveis próximos às residências. A família botânica mais representativa foi Fabaceae sensu lato (Leguminosae), com 17 espécies coletadas. Nenhuma outra família apresentou tanta importância, sendo que a riqueza de espécies foi bem distribuída entre outras 62 famílias botânicas.