Assembléias de peixes em lagos de várzea situados em duas unidades geomorfológicas no período de seca, região de Itacoatiara, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Souza, Luiza Prestes de
Orientador(a): Bittencourt, Maria Mercedes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11240
http://lattes.cnpq.br/3350147050355308
Resumo: Poucos estudos têm sido realizados a respeito da ictiofauna no período de seca nos lagos de várzea no Amazonas, considerando o impacto por ações da pesca e modificações do ambiente em lagos. Faltam informações sobre os padrões de organização da ictiofauna que possibilitem um melhor conhecimento dos mecanismos que atuam na sua organização e, que poderão ser utilizados na definição de estratégias de uso dos recursos pesqueiros. Nesse contexto, esse trabalho propõe estudar a ictiofauna em doze lagos situados nas unidades Bancos de Meandros Atuais (BMA) e Depósitos de Inundação Fluvial (DIF) no período de seca, identificando os fatores abióticos (locais e regionais) que influenciam a estrutura das assembléias de peixes. Os peixes foram capturados com malhadeiras no período de seca entre 2002 e 2005, no município de Itacoatiara, Amazonas. Os fatores abióticos medidos foram as variáveis físico-químicas (oxigênio, temperatura, pH e condutividade elétrica) e geomorfológicas (distância do rio, área do lago e profundidade) e investigados os descritores da estrutura das assembléias (riqueza, índice de diversidade, equitabilidade, dominância, captura por unidade de esforço em número de indivíduos (CPUEn) e em peso (CPUEw) e estrutura em comprimento). Para avaliar a similaridade da composição taxonômica entre as unidades foi utilizada uma Análise de Correspondência (CA); para determinar se o tamanho dos peixes foi diferente entre as duas unidades foi utilizado o teste t-pareado, e, para avaliar a influência das variáveis físico-químicas e geomorfológicas nos descritores da estrutura das assembléias foi utilizada análise de covariância (ANCOVA). Nos lagos da BMA foram capturados 3051 exemplares e 224.080,72 gramas de peixes, totalizando 86 espécies. Nos lagos da DIF, foram capturados 2334 exemplares e 216.314,65 g de peixes, totalizando 108 espécies. Na BMA e DIF a ictiofauna foi dominada, em termos de número de indivíduos e composição específica pelos Characiformes, seguida de Siluriformes e Perciformes. Acestrorhynchus falcirostris, Acestrorhynchus falcatus, Pellona flavipinnis, Moenkhausia lepidura, Schizodon fasciatus, Potamorhina latior, Hemiodus immaculatus, Hemiodus sp. “rabo vermelho”, Pygocentrus nattereri, Trachelyopterus galeatus, Lycengraulis sp. Triportheus auritus, T. angulatus, Plagioscion squamosissimus e Rineloricaria sp. podem ser consideradas como as mais importantes na composição da ictiofauna, sendo similar entre as unidades. A captura por unidade de esforço em número e biomassa foi maior na BMA, isso reflete o alto número de exemplares das espécies migradoras, de médio porte nessa unidade. A diversidade foi maior na DIF, levando em consideração que a distribuição das espécies foi homogênea nas duas unidades, esse valor é reflexo do valor de dominância dos peixes, que foi maior na BMA. Apesar de redução da área afetar a heterogeneidade de habitats, na seca ainda permanece área alagada nos lagos, o que explica a alta diversidade de peixes. As análises, relacionando a diversidade em peso (H´w) das assembléias de peixes com as variáveis físico-químicas e geomorfológicas, apontam a profundidade, pH e concentração de oxigênio influenciando a estrutura das assembléias dos lagos. A captura total em peso (CTw), foi influenciada por fatores regionais (unidade geomorfológica e área do lago) e locais (profundidade e condutividade elétrica). Considerando todas as análises, o determinante primário e mais significativo para a estrutura das assembléias de peixes nos lagos da BMA e DIF foi a profundidade. Os resultados desta pesquisa deverão ter um papel decisivo no aprimoramento do manejo comunitário local e como opção viável para a conservação de recursos pesqueiros na Amazônia.