Tipos de solo e a orientação para o mercado influenciam na escolha das variedades de mandioca (Manihot esculenta Crantz) nos sistemas de produção do Baixo Rio Tapajós, Pará
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Botânica
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12778 http://lattes.cnpq.br/7611650698532308 |
Resumo: | A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é o principal cultivo agrícola da Amazônia, com grande importância econômica e cultural, pois é à base da dieta da população rural e urbana, com destaque para as comunidades tradicionais e indígenas que manejam um grande número de variedades de mandioca. Considerando que fatores ecológicos, socioeconômicos e culturais influenciam as formas de manejo e a diversidade de variedades de mandioca cultivada por diversos grupos culturais, o presente trabalho objetivou determinar como diferentes tipos de solo (em particular os solos antrópicos e solos adjacentes) e a orientação para o mercado influenciam na escolha das variedades de mandioca manejadas por agricultores tradicionais na Resex Tapajós-Arapiuns, baixo rio Tapajós, Pará, Brasil. Foram estudadas 61 roças de 30 famílias em três comunidades ribeirinhas, em diferentes tipos de solo e diferentes graus de orientação da produção para o mercado. Foram encontradas 41 variedades de mandioca (36 mandiocas, 3 macaxeiras e 2 manicueras). Seis variedades são cultivadas em todas as comunidades, 6 são exclusivas de Enseada do Amorim, 8 de Parauá e 10 de Surucuá. Os diferentes tipos de solo amostrados foram agrupados em três categorias, definidas de acordo com a fertilidade, coloração e presença de artefatos cerâmicos: Terra Preta de Índio - TPI, com elevada fertilidade, coloração marrom escura ou preta e abundantes fragmentos cerâmicos; solos de transição com altos níveis de fósforo, matéria orgânica e alumínio, coloração marrom clara e ocorrência ocasional de cerâmica; solos adjacentes (Latossolo e Argissolo), com baixa fertilidade, coloração clara ou amarelada e sem artefatos cerâmicos. Vinte e cinco variedades são cultivadas em todos os solos, sendo sete comuns para os três tipos, 2 exclusivas de TPI, 11 de “solos de transição” e 3 de solos adjacentes. Os agricultores têm preferência por variedades de ciclo curto em solos mais férteis e variedades de ciclo longo em solos menos férteis. As TPI são manejadas mais intensivamente, como menor período de pousio (4,0±1,2 anos) e mais ciclos produtivos consecutivos (3,6±0,5) antes do pousio; solos de transição apresentam valores intermediários, tanto em relação ao tempo de pousio (6,0±1,6 anos) quanto ao número de ciclos produtivos (2,9±0,4); Latossolo e Argissolo apresentam um pousio longo (10,0±1,2 anos) e o número de ciclos produtivos consecutivos é menor (2,0±0,0). O direcionamento da produção de farinha de mandioca para o mercado está relacionado com o tamanho das roças e com a área ocupada com “variedades comerciais”. Famílias que destinam ao mercado entre 50 e 80% da produção manejam áreas de 1,65 ± 0,49 ha, cada uma com 0,66 ± 0,20% da área ocupada por variedades comerciais; famílias que destinam mais de 80% manejam áreas maiores, 2,61 ± 1.07 ha, e as variedades comerciais ocupam 0,73 ± 0,17% da área das roças. Em contraste, famílias que destinam menos que 50% da produção de farinha de mandioca para o mercado manejam áreas menores 0,58 ± 0,12 ha e as variedades comerciais ocupam proporcionalmente uma área menor 0.49 ± 0.19%. Em conclusão, a composição de variedades de mandioca, bem como o manejo dos sistemas agrícolas familiares na região do baixo rio Tapajós são influenciados pelo tipo de solo. A orientação da produção para o mercado influencia as características do sistema de cultivo, bem o tamanho da área manejada e a proporção de área nas roças ocupada por “variedades comerciais”. |