Efeitos da fragmentação sobre a comunidade de pequenos mamíferos em Floresta Estacional Semidecidual Submontana no Mato Grosso, Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Santos Filho, Manoel dos
Orientador(a): Sanaiotti, Tânia Margarete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12219
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4702994E5
Resumo: A Floresta Estacional Semi-Decidual está representada por apenas 3,5% do estado de Mato Grosso, tendo sido muito desmatada no passado, restando hoje apenas fragmentos isolados. Nessas áreas, estudos com mamíferos são poucos, representados por algumas listas de espécies. Durante este estudo, os trabalhos de campo foram desenvolvidos entre novembro/2002 a agosto/2004, com um esforço amostral de 24.200 armadilhas x noites nos 18 fragmentos e nas quatro áreas controles. Um total de 708 indivíduos foi capturado, o que perfaz um sucesso de captura de 2,8%. No total foram capturadas 23 espécies de pequenos mamíferos, pertencentes a 18 gêneros, destas, 13 eram espécies de roedores e 10 de marsupiais. Buscando avaliar o efeito da sazonalidade na comunidade, oito das 22 áreas foram analisadas durante as duas estações (seca e chuvosa) do mesmo ano. Apesar de não ter havido diferenças significativas, houve maior abundância e riqueza de pequenos mamíferos durante a seca em números totais. Independente da sazonalidade, os fragmentos F1 e F2 possuíram mais que o dobro de roedores quando comparados com as outras seis áreas amostradas durante o período de seca e chuva. Apesar do efeito das estações não ter sido significativo para a comunidade total, nem para roedores, os marsupiais responderam significativamente com mais que o dobro de indivíduos durante a seca em relação à estação chuvosa. Marmosops noctivagus e Micoureus demerarae foram as espécies com taxas de capturas bem superiores em todas as áreas estudadas. Apesar da primeira não ter tido valores significativo, houve mais que o dobro de indivíduos durante a estação seca. A maior abundância se deu talvez pela falta de alimento no ambiente, forçando a procura pelas iscas, ou pelo recrutamento de jovens nascidos na própria área. Neste estudo, somente duas espécies, Bolomys lasiurus e Calomys sp., demonstraram ser adaptadas ao uso da matriz de pastagem, ocorrendo com abundância semelhante na matriz e nas áreas florestadas. Para a grande maioria das espécies a matriz de pastagem mostrou-se como uma barreira, ficando assim, sujeitas a possível extinção ao longo do tempo, principalmente nos pequenos fragmentos. Neste estudo o tamanho a forma e a idade dos fragmentos não tiveram efeitos significativos na abundância nem na riqueza de pequenos mamíferos. Para os marsupiais somente a forma mais irregular das áreas teve efeito positivo na abundância. As variáveis físicas como tamanho, forma e idade dos fragmentos não influenciaram a abundância nem a riqueza de roedores, reforçando a idéia de que outras variáveis referentes a fatores históricos, não analisados neste estudo, poderiam explicar melhor essas variações. As variáveis ambientais abertura de dossel, número de árvores e volume de liteira não tiveram efeitos significativos na riqueza e na abundância total de pequenos mamíferos. No entanto, quando analisado por grupo taxonômico, foram capturados mais roedores em locais com maior volume de liteira no solo. Cada área estudada demonstrou um histórico diferente pós-fragmentação. O conhecimento desses fatores que regem a comunidade de cada local é de fundamental importância para a elaboração de políticas públicas e estratégias de manejo das áreas já existentes e das que serão criadas.