Estrutura de assembléias de peixes em uma área de exploração petrolífera na Amazônia (Bacia do Rio Urucu, Amazonas, Brasil).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Costa, Igor David da
Orientador(a): Freitas, Carlos Edwar de Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11246
http://lattes.cnpq.br/4524004537624671
Resumo: O objetivo deste trabalho foi caracterizar as assembléias de peixes do rio Urucu, nas proximidades de áreas portuárias de uma base de exploração de gás natural e petróleo, que poderia estar sendo impactada por esta atividade. As coletas foram realizadas em uma área a montante dos portos, para fins de controle (PCONT) (4º 51’ 20,7’’S - 65º 20’ 53,2’’O), sendo também realizadas coletas a jusante (500 metros) do porto Urucu (PJU) (4º 50’ 59,3’’ S - 65º 20’ 37,4’’ O) (Figura 3). As coletas foram também realizadas a frente do porto Evandro 2 (PPE2) (4º 45’ 47,9’’ S - 65º 02’ 46,6’’ O), eqüidistante 90 km do porto urucu, assim como a montante (PME2) (4º 45’ 42’’ S - 65º 20’ 37,4’’ O) e a jusante (PJE2) deste mesmo porto (4º 45’ 26,4’’ S - 65º 02’ 38,7’’ O), também foram realizadas capturas a frente do porto Evandro 1 (PPE1) (4º 45’ 18,1’’ S - 65º 02’ 40,9’’ O) e a jusante deste mesmo ponto (PJE1) (4º 45’ 02,2’’ S - 65º 02’ 42,6’’ O) sendo todos estes pontos localizados no rio Urucu, no município de Coari, Amazonas, Brasil. Foram coletados 923 indivíduos distribuídos em 7 ordens, 23 famílias e 82 espécies perfazendo uma biomassa total de 166.819g. Os Characiformes foram o grupo predominante seguido pelos Siluriformes, sendo as ordens Clupeiformes, Osteoglossiformes, Perciformes, Beloniformes e Pleuronectiformes com menos de 10% do total capturado. As famílias Characidae (30%), sub-família Serrasalminae (15%) e Osteoglossidae (13%) foram as mais abundantes no período da seca enquanto que na cheia as famílias Characidae (42%), Callichthydae (16%), sub-familia Serrasalmidade (14%) e Pristigateridae (11%) foram as mais representativas. As famílias mais representativas por ponto de coleta na cheia foram: Characidae no PCONT (43%), PJU (48%), PME2 (34%) e PJE1 (52%) e PJE1 (51%), Osteoglossidae no PPE2 (42%) e Hemiodontidae no PJE2 (24%) e na seca foram: Characidae no PPE2 (54%), PME2 (38%), PCONT (45%), PJU (37%) e PJE2 (24%) e a familia Callichthyidae no PJE1 (40%). A piranha Serrasalmus rhombeus apresentou a maior abundância (11%) e freqüência de ocorrência (91%), seguida pelas espécies Bryconops alburnoides, Dianema urostriatum e Osteoglossum bicirrhosum. A abundância de peixes, CPUE, biomassa, riqueza, diversidade de Shannon, Uniformidade e dominância variaram entre os períodos do ciclo hidrológico. A cheia apresentou 489 exemplares e a seca 439. A maior e menor abundância/biomassa foi encontrada no PJE1 na cheia (n=122/15.170g) e Pcontrole na seca (n=32/5.950g), respectivamente. A CPUE baseada na abundância foi maior na cheia (0.33) e menor na seca (0.30), o PJE1 (0.50/cheia) apresentou a maior CPUE e o PCONT (0.13/seca) a menor. A maior e a menor riqueza, respectivamente, foram encontradas no PJE1 na cheia (35) e Pcontrole na seca (12). A maior (4.22) e menor (0.80) diversidade, calculada pelo Índice de Shannon, foi encontrada no PJU na seca e na cheia, respectivamente. O PJU e o PJE1 apresentaram-se mais uniformes na seca (J'=0.90) e o PJU menos na cheia (J'=0,20). A maior dominância foi encontrada no PPE2 na cheia (0.19) e a menor no PJU na seca (0.07). As espécies dominantes por ponto de coleta foram: Dianema urostriatum no PJE1 e PJE2, Bryconops alburnoides no PPE2, Chalceus erythrurus no PJU e Serrasalmus rhombeus no Pcontrole e PME2. O PCONT foi classificado como em um 1ª estágio de poluição ou com influência de estresse decorrente de poluição em nível moderado. Não se pôde chegar a uma conclusão clara, com base nas análises das curvas ABC e índice numérico, de que os pontos a jusante do PCONT estavam sendo realmente impactados pelas atividades portuárias neste rio, exceto para o PJU, que foi classificado como ”poluído” e esteve localizado imediatamente a jusante do Porto Urucu. Níveis significativos de hidrocarbonetos alifáticos que apontassem contaminação proveniente de fontes petrogênicasnao não foram detectados pelas análises químicas de água realizadas. Os n-alcanos de maior concentração (n-C29 (seca) e n-C31 (cheia)) foram oriundos de combustão de material vegetal. Dentre todas as variáveis ambientais analisadas, a variável largura separou os pontos de coleta em dois grupos, sendo um grupo formado somente pelo PCONT, em ambos os períodos, e outro grupo pelos demais pontos de coleta. O padrão de aumento em largura na direção montante-jusante é explicado pelo conceito de Zonação ou Continuum, que descreve a ocorrência de diversas mudanças no corpo hídrico desde a nascente até a foz. A largura, profundidade, temperatura e concentração de hidrocarbonetos alifáticos foram as principais variáveis estruturadoras da assembléia estudada.